Macau,
China, 13 ago (Lusa) - O livro que o presidente da Associação Novo Macau
escreveu sobre as manifestações iniciadas a 25 de maio do ano passado, e que
levaram à retirada de uma proposta de lei pelo Governo, foi confiscado pelas
autoridades chinesas.
"Sulu
Sou [autor do livro] recebeu a notícia na quinta-feira. Os serviços de
alfândega chineses confiscaram 1.000 cópias", disse à agência Lusa o
também ativista Jason Chao.
Escrito
em chinês pelo jovem ativista de 24 anos, o livro "Do you Remember the Withdraw?",
na tradução livre em inglês, deveria ser lançado em Macau na próxima
segunda-feira, quando se assinala o primeiro ano sobre a manifestação contra a
aprovação de uma lei que previa regalias para titulares dos principais cargos.
O
diploma, intitulado "Regime de garantia dos titulares do cargo de chefe do
Executivo e dos principais cargos a aguardar posse, em efetividade e após
cessação de funções", acabou por ser retirado pelo próprio Governo, após
uma manifestação, a 25 de maio, e uma concentração junto à Assembleia
Legislativa (AL), dois dias mais tarde, sendo considerado o maior protesto
desde 1999, com entre 10.000 e 15.000 pessoas segundo a organização e 8.000 na
versão da polícia.
Jason
Chao explicou que a encadernação do livro foi realizada no interior da China
por se tratar de um serviço não disponível em Macau.
Para
o também membro da Novo Macau, a apreensão terá sido motivada pelos
"assuntos sensíveis abordados no livro".
"Fizemos
um apelo público para que o contentor seja desbloqueado, mas não devemos
esperar uma resposta positiva do governo chinês. Pensamos que o conteúdo do
contentor está perdido para sempre", acrescentou.
Segundo
Jason Chao, Sulu Sou está a tentar contactar uma gráfica em Hong Kong , mas
"dificilmente será lançada uma cópia física do livro a tempo do primeiro
aniversário" do movimento social nas ruas de Macau.
Jason
Chao explicou ainda que as 1.000 cópias confiscadas têm um valor estimado em
30.000 (3.300 euros) patacas e que são parte de um contentor avaliado em
100.000 patacas (cerca de 11.200 euros), totalmente apreendido pelas
autoridades chinesas.
FV
// APN
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