Macau,
China, 22 mai (Lusa) - O processo por negligência na investigação da morte de
Luís Amorim, o jovem português de 17 anos encontrado sem vida em Macau em 2007,
está "totalmente perdido" na Primeira Instância, anunciou hoje o
advogado dos pais.
O
Tribunal Administrativo de Macau deu como não provados a maioria dos factos da
ação, o que levou o advogado Pedro Redinha a afirmar que pouco há para
argumentar em matéria de Direito, estando o caso perdido. Promete, no entanto,
um recurso para a Segunda Instância.
"A
causa em Primeira
Instância está totalmente perdida mas vamos recolocar as
questões na Segunda Instância", disse hoje o advogado, após o tribunal ter
apresentado as suas decisões quanto às matérias de facto.
A
morte de Luís Amorim, em setembro de 2007, esteve desde o início envolta em controvérsia. O
jovem foi encontrado de madrugada debaixo da ponte Nobre de Carvalho
apresentando lesões graves.
As
autoridades concluíram que se tratou de um suicídio, mas os pais sempre negaram
essa possibilidade e suspeitam que o filho tenha sido vítima de homicídio.
Em
2010, a família pediu uma segunda autópsia, por exumação do corpo, em Portugal,
que concluiu que as lesões do jovem eram compatíveis com uma agressão, ao
contrário das autoridades de Macau que as consideram indiciadoras de queda.
O
processo que os pais moveram contra a Região Administrativa Especial de Macau
por negligência nas investigações tinha como pilar o argumento de que as
autoridades rotularam imediatamente o caso como suicídio e, por isso, nunca
investigaram devidamente a possibilidade de homicídio.
Hoje,
o tribunal rejeitou que esse rótulo tivesse sido colocado e considerou que as
lesões foram consequência de queda. Já os rasgões na roupa foram fruto da
prestação de socorro, o que Redinha nega, afirmando que o jovem já foi
encontrado sem vida e, por isso, não teve de ser assistido.
O
advogado diz manter a confiança na independência dos tribunais de Macau, mas
admite ter ficado surpreendido com este desfecho por considerar ter
"extensamente provados os factos imputados às autoridades".
"Diria
que podemos continuar a morrer confiadamente em Macau. O que quero dizer
com isto é que é preferível ir morrer noutro sítio", lamentou.
A
sentença, após apreciação da matéria de Direito, é esperada para os próximos
meses, mas o advogado não garante que chegue antes das férias judiciárias, em
agosto.
ISG
// JMR
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