Macau,
China, 14 mai (Lusa) - A professora e investigadora Ana Maria Amaro, antiga
presidente da Comissão Científica do Observatório da China e do Instituto de
Sinologia, morreu na terça-feira, em Lisboa.
A
informação foi confirmada à agência Lusa pelo presidente do Observatório da
China, Rui Lourido, e pelo editor da Livros do Oriente, Rogério Beltrão Coelho.
Professora
catedrática jubilada, Ana Maria Amaro nasceu em 1929.
"A
professora foi uma profunda conhecedora de Macau e da civilização chinesa,
tendo-se distinguido no ensino dos Estudos Chineses. Deu-nos a honra de ser
sócia honorária e presidente da Comissão Científica do Observatório da China.
Foi igualmente presidente do Instituto de Sinologia, tendo organizado um
conjunto de reuniões e fóruns científicos que tiveram um papel importante na
divulgação do conhecimento sobre a China em Portugal", referiu o presidente
do Observatório da China.
"Era
uma pessoa por quem tínhamos grande admiração pelo espírito íntegro e caráter
humano, e por deixar uma obra de grande valor para o conhecimento da cultura de
Macau e da própria China e por ter apoiado o Observatório da China, desde o seu
início, há dez anos", disse Rui Lourido, que enquanto presidente do
Observatório da China e historiador trabalhou com Ana Maria Amaro "em
vários momentos e em vários projetos".
Segundo
o blogue Macau Antigo, "Ana Maria Amaro Viveu cerca de 15 anos em Macau
(chegou em 1957), onde foi professora de várias gerações de portugueses e
macaenses. Regressou a Portugal em 1972 e mesmo não tendo mais regressado ao
Oriente, dedicou toda a sua vida a estudar a China, tendo sido a primeira mulher
a doutorar-se com uma temática chinesa".
Rogério
Beltrão Coelho destacou o legado deixado por Ana Maria Amaro "sobretudo
nas áreas da etnografia e antropologia".
"Deixa
uma vastíssima obra publicada em artigos e livros, e em revistas culturais e
científicas. É uma figura incontornável e uma fonte fundamental, que vai ter
sempre de ser citada quando se trata de estudos sobre Macau", afirmou.
Ana
Maria Amaro viveu em Macau no período em que era governador o general Nobre de
Carvalho, de quem viria a ser crítica num manifesto então publicado, recordou
Beltrão Coelho.
Sobre
Macau publicou, entre outros títulos, "O Traje da Mulher Macaense" e
"Filhos da Terra". E já sob a chancela da Livros do Oriente, publicou
também "Das Cabanas de Palha às Torres de Macau", que trata do
desenvolvimento urbano da cidade desde o estabelecimento dos portugueses até ao
fim do século XX, destacou o editor.
Ana
Maria Amaro deixa também dois volumes sobre os jogos e brinquedos de Macau, com
base numa recolha que abrange as comunidades portuguesa, macaense e chinesa, em
"Jogos, Brinquedos e Outras Diversões Populares de Macau", referiu
Beltrão Coelho.
O
editor recordou que foi por iniciativa da investigadora que o governo adquiriu
aos herdeiros o jardim Lou Lim Ieoc - descrito como o mais tipicamente chinês
de todos os jardins de Macau, mandado construir no século XIX pelo mercador Lou
Lim -, o qual viria a ser restaurado e aberto ao público.
Beltrão
Coelho recordou ainda que Ana Maria Amaro realizou dois trabalhos sobre a
medicina chinesa e sobre as hortas de Macau, as quais aguardaram publicação no
Instituto Cultural "pelo menos duas dezenas de anos".
Além
disso "fez uma incursão na literatura - com o livro de contos
"Aguarela de Macau (1960-1970)" - e promoveu a publicação de trabalhos
de outros autores do território, como Ondina Braga", acrescentou o editor,
para quem Ana Maria Amaro deixa um "espólio valioso" em artefactos e
materiais que foi recolhendo e colecionando ao longo dos anos.
FV
// EL
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