Macau,
China, 11 jun (Lusa) -- A Praia Grande Edições pretende continuar a explorar a
Livraria Portuguesa de Macau, que hoje celebra 30 anos, um projeto
gratificante, mas "economicamente pouco compensador" que anda de mãos
dadas com um festival literário.
"O
facto de a termos começado a gerir [em 2011] levou-nos a concluir que faltava
um evento em que a literatura fosse de facto o tema central e hoje, realmente,
o festival preenche boa parte dos projetos que fazemos muito a pensar na
livraria enquanto polo dinamizador e de divulgação da leitura e da
literatura", afirmou o proprietário da editora, Ricardo Pinto.
O
Rota das Letras teve a sua primeira edição em 2012, sensivelmente um ano depois
de a Praia Grande Edições, que publica o jornal Ponto Final e a revista Macau
Closer, ter iniciado a exploração da Livraria Portuguesa, propriedade do
Instituto Português do Oriente (IPOR).
A
Livraria Portuguesa, privilegiadamente localizada no centro da cidade, figura
como dos raros espaços onde se vendem obras em português na Ásia.
"Tem
sido um trabalho muito intenso e gratificante que do ponto de vista económico é
muito pouco compensador, desde logo porque o próprio negócio livreiro está em
crise", fator agravado pela distância, dado os custos inerentes
nomeadamente ao transporte, observou à Lusa Ricardo Pinto.
"Não
é um negócio fácil. Paga o investimento em livros, as despesas, mas o lucro é
marginal". Contudo, "com a ligação que criámos ao festival, tudo isso
é tão gratificante e rico em termos da nossa participação na promoção do livro
que só isso justifica".
"Do
ponto de vista da realização, de facto, é muito bom e daí que apesar das
dificuldades estejamos empenhadíssimos em continuar", realçou, adiantando
que uma decisão sobre a concessão, atribuída por cinco anos, que termina a 31
de março de 2016, "não deve tardar".
"Tornar
acessível ao público de Macau boa parte do que melhor se publica em Portugal e
na generalidade dos países lusófonos" continua a ser o objetivo de um
espaço que é "um pouco mais do que uma livraria".
"Tem
sido bom também dinamizá-la a outros níveis nomeadamente através de
lançamentos, conversas com escritores, de exposições" através da galeria
da Livraria Portuguesa que, inclusive, acolheu, ao final do dia, o lançamento
de uma obra trilingue sobre os restaurantes portugueses de Macau.
Ricardo
Pinto nota, porém, como "muito positivo" o surgimento de "uma
série de espaços com essa vocação", o que levou a que, nos últimos dois
anos, "o esforço não tenha sido tão intenso".
"Mas
vamos continuar sempre a procurar que a nossa atividade em termos da promoção
do livro não se cinja ao festival, e prossiga ao longo do ano", sublinhou.
Alargar
a oferta foi uma das metas traçadas por Ricardo Pinto. Primeiro em relação à
literatura em português, "porque havia muitos autores -- sobretudo mais
jovens -- que estavam pouco presentes" e, depois, "um esforço, também
na sequência do festival, de ter, tanto quanto possível, a literatura lusófona
muito bem representada", explicou, sem esconder que também gostava de ter
oferecer maior escolha em língua inglesa.
Já
"prioridade imediata, na medida do que é possível", continua a ser
ter nos escaparates autores chineses traduzidos em português.
"Vamos
tentar também dar o nosso próprio contributo para que isso se torne mais frequente",
realçou, avançando que comprou os direitos para publicação em português da obra
"Uma cidade chamada A-Ma", sobre Macau, da escritora Yan Geling,
convidada do festival de 2014, a qual prevê lançar na próxima edição do Rota
das Letras.
O
desejo antigo de uma livraria-café também continua presente: "É algo que
continuamos a considerar como viável, que faria sentido e que poderia também
atrair mais público".
DM
// APN
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