sexta-feira, 12 de junho de 2015

Caritas de Macau lança linha de prevenção de suicídio em inglês e português


Macau, China, 12 jun (Lusa) -- A Caritas Macau vai lançar no próximo dia 21 uma linha de prevenção do suicídio a pensar nos falantes de inglês e de português, alargando um serviço que presta há mais de 30 anos destinado à comunidade chinesa.

A linha de atendimento vai funcionar, na fase de arranque, de segunda a sábado, entre as 10:00 horas e as 14:00 horas, disse à agência Lusa a conselheira da Caritas Macau Silvia Mohr, que vai supervisionar os atuais quatro voluntários da 'hotline'.

A instituição pretende alargar o horário do serviço gradualmente até às 24 horas por dia num espaço de um ano, à semelhança da sua homóloga chinesa "Esperança na Vida", ativa há três décadas e que, no ano passado, recebeu 10.259 telefonemas, dos quais mais de dois terços (67 por cento) efetuados por mulheres.

Do universo total, apenas 3% dos casos diziam respeito a pessoas que manifestaram pensamentos ou intenções suicidas, que tinham planos para pôr termo à vida ou que já se encontravam no ato", explicou a conselheira da Caritas Macau.

A intenção de criar um serviço de apoio emocional idêntico ao prestado para a comunidade de falantes de chinês figura como um projeto antigo da Caritas que se bate, porém, com a dificuldade de recursos humanos.

Silvia Mohr, brasileira com formação em psicologia e mestrado em aconselhamento, que fala português, inglês e mandarim, justifica a 'hotline' nomeadamente com o crescente universo de trabalhadores não residentes de Macau, cuja autorização de permanência depende da vigência do contrato de trabalho.

No final de maio, ascendiam a 176.777, ou seja, equivaliam a 27,6% do total de habitantes -- estimados na ordem dos 640.000 -- e a 43,5% da população ativa, calculada em 405.800 pessoas.

Mas a linha aberta, disponível através do número 28525777, também se destina a residentes de Macau, um grupo que abarca designadamente as comunidades portuguesa e lusófona.

"É muito fácil em Macau se enlear nas comunidades, mas mesmo as de falantes de português não se misturam, são como ilhas. O mesmo sucede com que as de falantes de inglês, pelo que a hotline serve para ajudar essas pessoas, que vivem emprisionadas nessas ilhas e que, quando não querem que o grupo saiba de um determinado problema, não têm com quem conversar ou a quem pedir ajuda", explicou Silvia Mohr.

Macau não tem "um historial de suicídio muito grande ou sério, mas quando acontece algum caso a comunidade fica chocada".

Os atuais quatro voluntários -- dois homens e mulheres, nativos de inglês e de português, com idades entre 25 e 50 anos -- passaram por uma formação intensiva com a duração de 15 horas, seguida de um estágio. E, todos os meses, devem participar em ações de reciclagem versando as experiências obtidas.

Segundo os dados oficiais mais recentes -- referentes a 2013 -- a taxa global de suicídio correspondia a 11,5 por cada 110 mil pessoas, ou seja, era mais baixa do que o padrão de elevada prevalência definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Macau registou, nesse ano, 68 casos, menos 4,2% face ao ano de 2012.

DM // APN

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