Macau,
China, 12 jun (Lusa) -- A Caritas Macau vai lançar no próximo dia 21 uma linha
de prevenção do suicídio a pensar nos falantes de inglês e de português,
alargando um serviço que presta há mais de 30 anos destinado à comunidade
chinesa.
A
linha de atendimento vai funcionar, na fase de arranque, de segunda a sábado,
entre as 10:00 horas e as 14:00 horas, disse à agência Lusa a conselheira da
Caritas Macau Silvia Mohr, que vai supervisionar os atuais quatro voluntários
da 'hotline'.
A
instituição pretende alargar o horário do serviço gradualmente até às 24 horas
por dia num espaço de um ano, à semelhança da sua homóloga chinesa
"Esperança na Vida", ativa há três décadas e que, no ano passado,
recebeu 10.259 telefonemas, dos quais mais de dois terços (67 por cento)
efetuados por mulheres.
Do
universo total, apenas 3% dos casos diziam respeito a pessoas que manifestaram
pensamentos ou intenções suicidas, que tinham planos para pôr termo à vida ou
que já se encontravam no ato", explicou a conselheira da Caritas Macau.
A
intenção de criar um serviço de apoio emocional idêntico ao prestado para a
comunidade de falantes de chinês figura como um projeto antigo da Caritas que
se bate, porém, com a dificuldade de recursos humanos.
Silvia
Mohr, brasileira com formação em psicologia e mestrado em aconselhamento, que
fala português, inglês e mandarim, justifica a 'hotline' nomeadamente com o
crescente universo de trabalhadores não residentes de Macau, cuja autorização
de permanência depende da vigência do contrato de trabalho.
No
final de maio, ascendiam a 176.777, ou seja, equivaliam a 27,6% do total de
habitantes -- estimados na ordem dos 640.000 -- e a 43,5% da população ativa,
calculada em 405.800 pessoas.
Mas
a linha aberta, disponível através do número 28525777, também se destina a
residentes de Macau, um grupo que abarca designadamente as comunidades
portuguesa e lusófona.
"É
muito fácil em Macau se enlear nas comunidades, mas mesmo as de falantes de
português não se misturam, são como ilhas. O mesmo sucede com que as de
falantes de inglês, pelo que a hotline serve para ajudar essas pessoas, que
vivem emprisionadas nessas ilhas e que, quando não querem que o grupo saiba de
um determinado problema, não têm com quem conversar ou a quem pedir
ajuda", explicou Silvia Mohr.
Macau
não tem "um historial de suicídio muito grande ou sério, mas quando
acontece algum caso a comunidade fica chocada".
Os
atuais quatro voluntários -- dois homens e mulheres, nativos de inglês e de
português, com idades entre 25 e 50 anos -- passaram por uma formação intensiva
com a duração de 15 horas, seguida de um estágio. E, todos os meses, devem
participar em ações de reciclagem versando as experiências obtidas.
Segundo
os dados oficiais mais recentes -- referentes a 2013 -- a taxa global de
suicídio correspondia a 11,5 por cada 110 mil pessoas, ou seja, era mais baixa
do que o padrão de elevada prevalência definido pela Organização Mundial de
Saúde (OMS).
Macau
registou, nesse ano, 68 casos, menos 4,2% face ao ano de 2012.
DM
// APN
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