Hong
Kong, China, 12 fev (Lusa) -- O secretário para a Justiça de Hong Kong disse
hoje que os distúrbios de segunda-feira na zona de Mong Kok são um caso
"raro" e que as acusações de participação em motim contra 36 pessoas
não têm motivações políticas.
Rimsky
Yuen descartou a ideia de que a acusação de que essas 36 pessoas são alvo,
punida com pena de prisão de até 10 anos, tenha sido aplicada porque o chefe do
executivo, CY Leung, descreveu o incidente como um motim.
"Não
há absolutamente nenhumas considerações políticas. Não gostaria de ver as
pessoas a usar [o termo] 'considerações políticas' como cobertura para
atividades ilegais", disse Rimsky Yuen.
"Quero
sublinhar que este incidente é um desafio para a lei e ordem de Hong
Kong", acrescentou.
Trinta
e seis pessoas foram na quinta-feira acusadas de participação em motim e outro
indivíduo viu a acusação alterada para reunião ilegal, após revisão de provas,
escreve hoje o portal Hong Kong Free Press.
"O
departamento de Justiça leva este assunto muito a sério. Vamos trabalhar de
perto com a polícia. Vamos analisar as provas e decidir se há outras acusações
que precisamos de ter em conta", disse Rimsky Yuen.
Os
confrontos com a polícia da passada segunda-feira em Hong Kong foram
considerados os mais violentos dos últimos anos e constituem a maior
demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia no
final de 2014.
Entre
os que compareceram perante um juiz está Edward Leung, porta-voz do grupo
independentista Indigenous e aspirante a um assento no parlamento nas próximas
eleições.
O
líder dos Indigenous, Ray Wong, publicou na quinta-feira uma mensagem
encorajando a continuação dos protestos.
Entretanto,
a antiga secretária para a Segurança e deputada pelo pró-Pequim Novo Partido
Popular (New People's Party), Regina Ip, reagiu à mensagem, advertindo que a
escalada de violência poderia acabar com o princípio "um país, dois
sistemas", ao abrigo do qual as políticas socialistas da China não se
aplicam em Hong Kong e Macau, que têm estatuto de regiões chinesas com
administração especial.
Regina
Ip dsse à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong que considera assustadora a
possibilidade de os protestos se tornarem ainda mais violentos e poderem
resultar em mortes.
"Ele
está a dizer que os estudantes, ou mesmo os jovens radicais, vão elevar a
violência com o objetivo de forçar a polícia a disparar e de seguida acabar com
a lei e ordem. E mesmo forçar as autoridades de Pequim a destacar o exército se
a polícia não for capaz de lidar com a violência. E isso significaria o fim de
'Um país, dois sistemas'", afirmou.
Os
distúrbios de segunda-feira surgiram na sequência de uma operação da polícia
contra venda ambulante ilegal de comida.
Um
polícia disparou dois tiros de aviso durante os distúrbios na noite de
segunda-feira e mais de 100 pessoas ficaram feridas nos confrontos, a maioria
agentes das forças de segurança.
A
polícia disse no dia seguinte que o ataque às forças de segurança parecia
organizado.
FV
(ISG) // VM
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