Renascença
com Aura
Miguel , em Havana
Em
declarações no final do encontro histórico desta sexta-feira, em Havana,
Francisco revelou que manteve com o líder ortodoxo uma conversa de “irmãos”, da
qual vão resultar várias iniciativas.
O
Papa Francisco e o Patriarca Kirill de Moscovo apelam à comunidade
internacional que proteja os cristãos que estão a ser perseguidos e
"exterminados" no Médio Oriente e em algumas regiões de África.
A
declaração conjunta foi divulgada após o primeiro encontro da histórico entre
os dois líderes religiosos, que decorreu esta sexta-feira, em Havana, Cuba.
“Em
muitos países do Médio Oriente e do Norte de África, famílias inteiras, cidades
e aldeias dos nossos irmãos e irmãs em Cristo estão a ser completamente
exterminadas”, alertam Francisco e Kirill.
“As
suas igrejas estão a ser barbaramente devastadas e saqueadas, os seus objectos
sagrados profanados, os seus monumentos destruídos”, lamentam o Papa e o
Patriarca de Moscovo.
“Na
Síria, no Iraque e noutros países do Médio Oriente, constatamos, com amargura,
o êxodo maciço dos cristãos da terra onde começou a espalhar-se a nossa fé e
onde eles viveram, desde o tempo dos apóstolos, em conjunto com outras
comunidades religiosas.”
Nesta
declaração com três dezenas de pontos, distanciam-se das “antigas disputas do
‘Velho Mundo’” e frisam: “Sentimos mais fortemente a necessidade dum trabalho
comum entre católicos e ortodoxos”.
“Conscientes
da permanência de numerosos obstáculos, esperamos que o nosso encontro possa
contribuir para o restabelecimento desta unidade querida por Deus, pela qual
Cristo rezou.”
Francisco
e Kirill “deploram o conflito na Ucrânia” e apelam às partes envolvidas que
deponham as armas e trabalhem com vista à “solidariedade social e à actividade
de construir a paz”.
Convidam,
também, as igrejas da Ucrânia a trabalharem em conjunto, para que seja possível
“chegar à harmonia social”. Devem “abster-se de participar no conflito e não
apoiar posteriores desenvolvimentos do mesmo”. Leia aqui
(versão PDF) a declaração conjunta do Papa Francisco e do Patriarca
Kirill de Moscovo.
"Falámos
como irmãos"
Em
declarações no final do encontro de Havana, Francisco revelou que manteve com o
líder ortodoxo uma conversa de “irmãos”, da qual resultarão iniciativas.
“Falámos
como irmãos, temos o mesmo baptismo, somos bispos. Falámos das nossas igrejas,
coincidimos em que a unidade se faz caminhando. Falámos claramente e sem meias
palavras. Saímos daqui com uma série de iniciativas que creio que são viáveis e
que poderão realizar-se.”
O
Patriarca Kirill sublinhou que o encontro desta sexta-feira “permite assegurar
que, actualmente, as duas igrejas podem cooperar conjuntamente, defendendo os
cristãos em todo o mundo e, com plena responsabilidade, trabalhar conjuntamente
para que não haja guerra e para que as vidas humanas sejam respeitadas em todo
o mundo”.
O
Papa Francisco deixou ainda uma palavra de agradecimento a Cuba, ao seu “grande
povo” e ao Presidente Raul Castro.
“Agradeço
a sua disponibilidade activa. Se continua assim, Cuba será a capital da
unidade”, declarou Francisco.
Francisco
e Kiril estiveram reunidos durante cerca de duas horas, no salão do protocolo
do aeroporto de Havana, o primeiro entre os primados da igreja católica e ortodoxa
desde a cisma de 1054.
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