Hong
Kong, China, 03 ago (Lusa) -- A comissão eleitoral de Hong Kong rejeitou seis
candidaturas às eleições de setembro para o Conselho Legislativo (LegCo) por
defenderem a independência da cidade.
Entre
os excluídos está Edward Leung, do grupo Hong Kong Indigenous, que ganhou
projeção após as eleições intercalares de fevereiro passado e foi
desqualificado na terça-feira, noticiam hoje os meios de comunicação locais.
Nos
últimos dias foram também rejeitados outros 'localists' -- que pedem uma maior
autonomia em relação à China ou mesmo a independência de Hong Kong --,
incluindo Chan Ho-tin, do recém-formado Hong Kong National Party, Yeung
Ke-cheong, do Democratic Progressive Party of Hong Kong, e Nakade Hitsujiko, do
Nationalist Hong Kong.
Edward
Leung, de 25 anos, pretendia candidatar-se a um lugar de deputado pelo círculo
eleitoral de New Territories East, onde nas eleições intercalares de 28 de fevereiro
ficou em terceiro lugar, com mais de 60.000 votos (15% do total), uma votação
realizada cerca de duas semanas depois de ter sido preso num protesto que
terminou em confrontos com a polícia.
Na
terça-feira, a comissão eleitoral realizou uma sessão com os candidatos, que
ficou marcada por protestos dentro e fora da sala, protagonizados por apoiantes
e membros dos grupos 'localists' e novos partidos políticos, como o Demosisto,
formados após as manifestações pró-democracia e ocupação das ruas no final de
2014.
Pela
primeira vez, este ano, a comissão eleitoral incluiu, como parte do processo de
validação das candidaturas, a assinatura de uma declaração pelos candidatos em
que garantem o respeito pela Lei Básica (mini-constituição) de Hong Kong, na
qual está escrito que a região é parte inalienável da China.
Segundo
o jornal South China Morning Post (SCMP), 42 listas de candidatos do campo
pró-democrata e de 'localists' que não assinaram o documento viram, não
obstante, as respetivas candidaturas validadas.
Edward
Leung advogou a independência de Hong Kong até à semana passada, quando foi
forçado a clarificar a sua posição pela comissão eleitoral.
Depois
de não ter assinado a declaração na entrega da respetiva candidatura,
protagonizou uma reviravolta política e assinou um documento adicional
('confirmation form') em que declarava o seu apoio à Lei Básica e em particular
aos artigos que estabelecem que a cidade é parte "inalienável da
China".
O
porta-voz do Hong Kong Indigenous alterou a sua posição depois de ter
interposto uma ação judicial para que o seu caso fosse analisado com urgência e
de isso lhe ter sido negado por um juiz.
Apesar
da assinatura daquela declaração, a candidatura de Edward Leung não foi
validada pela comissão eleitoral, que considerou que o jovem tinha dito
publicamente, através dos meios de comunicação social e do Facebook, que
defendia a independência de Hong Kong e que iria continuar a fazê-lo se fosse
eleito, segundo uma carta do organismo tornada pública na terça-feira pelo
próprio.
A
nova regra da comissão eleitoral é descrita por críticos citados pela imprensa
de Hong Kong como uma forma de impedir os 'localists' de obterem um assento no
LegCo.
O
Civic Party condenou a desqualificação dos seis candidatos pró-independência,
afirmando tratar-se de "controlo político" e acusando a comissão
eleitoral de desvio do princípio da neutralidade política, segundo o SCMP.
Já
Ronny Tong, antigo deputado pelo mesmo partido, e que renunciou ao lugar em
junho de 2015, na sequência da votação do processo de reforma política, disse
que a atual situação é invulgar, mas considerou que não afetará a justiça da
eleição, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Numa
cidade com sete milhões de habitantes, cerca de 3,7 milhões de eleitores vão
ser chamados a votar nas eleições para o LegCo marcadas para 04 de setembro.
Hong
Kong e Macau são regiões da China com administração especial, gozando por isso
de ampla autonomia e de liberdades que não se verificam no resto do país.
FV
// MP – Foto: Edward Leung
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