quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Tufão passou por Macau sem obrigar a elevar alertas


Macau, China, 02 (Lusa) - O diretor dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau disse hoje que o tufão Nida causou ventos menos fortes na região do que em Hong Kong e não se justificou elevar o alerta, apesar das críticas da população.

Em conferência de imprensa, Fong Soi Kun disse que a velocidade média dos ventos do tufão manteve-se entre 40 e 60 quilómetros por hora, com rajadas a atingirem um máximo de 90 quilómetros por hora, entre as 06:00 e as 07:00 de hoje (final da noite de segunda-feira em Lisboa).

"Utilizamos um padrão parecido com o de Hong Kong. O da China é outro sistema", disse, acrescentando que a intensidade do vento foi "muito mais intensa" na antiga colónia britânica.

O Observatório de Hong Kong hasteou o sinal 8 de tufão - o terceiro mais elevado numa escala até 10 - pelas 20:40 de segunda-feira (13:40 em Lisboa), mantendo-o em vigor até às 12:40 de hoje (05:40 em Lisboa).

Em Macau, o sinal 3 foi hasteado às 19:00 de segunda-feira (12:00 em Lisboa) e não chegou a ser hasteado o nível seguinte (oito), apesar de essa hipótese ter sido inicialmente contemplada pelos Serviços Meteorológicos.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram motociclistas caídos na Ponte da Amizade, que liga a península de Macau e a ilha da Taipa e que é cortada ao trânsito quando o sinal oito é hasteado, sendo então aberto o túnel inferior para a circulação automóvel.

Fong Soi Kun disse que a população não deve ter o nível de alerta da meteorologia como única referência em termos de segurança.

"O nosso sistema reflete o modo geral do que vai acontecer no território. Se há uns pontos mais perigosos do que outros, isso pode acontecer, mas de um modo geral, durante este tufão, o vento andou à volta de 40 a 60 quilómetros por hora e isto dá perfeitamente para circular normalmente", afirmou.

Fong Soi Kun afirmou que a decisão de manter o nível três foi exclusiva dos serviços.

"A decisão é nossa, dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos. Nós não pensamos nas receitas do jogo, nem noutras coisas, nós só nos baseamos na ciência, nos nossos dados e nos nossos conhecimentos", afirmou.

Questionado sobre a eventual necessidade de reforçar as medidas preventivas ao nível da circulação automóvel com o sinal 3 em vigor, disse que essa é uma decisão que não está sob a responsabilidade dos Serviços Meteorológicos, pelo que irá "apresentar essas sugestões aos respetivos serviços".

Segundo informação da Rádio Macau, houve vários incidentes na cidade relacionados com o tufão desde a tarde de segunda-feira, incluindo 26 quedas de árvores e 32 pedidos de ajuda por causa de mais de 20 quedas de objetos, como painéis publicitários, sem que tivessem sido registadas vítimas.

Os bombeiros foram chamados para resolver três inundações e houve sete acidentes de trânsito com quatro feridos ligeiros.

Durante a tarde de hoje (manhã em Lisboa) foram cancelados todos os sinais de tempestade em Macau e Hong Kong, cidade que parou por causa do tufão.

O tufão Nida fez-se sentir também com intensidade na cidade chinesa de Shenzhen, vizinha de Hong Kong, com ventos até 151 quilómetros por hora.

Segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong, peritos citados pelo China News Service disseram que este foi o tufão mais forte a atingir o Delta do Rio das Pérolas nos últimos 30 anos.

Shenzhen emitiu um alerta vermelho durante a noite -- o mais elevado num sistema de quatro avisos chineses.

Imagens mostram árvores caídas, ruas inundadas e prédios com vidros partidos.

O porto da cidade e uma ponte que liga Shenzhen a Hong Kong estiveram temporariamente fechados e cerca de 140 voos foram cancelados.

Na cidade de Zhuhai, adjacente a Macau, os avisos foram elevados para laranja, o segundo mais alto, o que levou ao encerramento dos serviços públicos, atrações turísticas e do serviço de autocarros, informou o jornal Guangzhou Daily.

FV/MP// JMR

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