quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

EX-PR saúda Timor-Leste e Austrália por acordarem negociar fronteiras permanentes

Díli, 23 jan (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta saudou hoje o empenho dos Governos de Timor-Leste e da Austrália em negociar ainda este ano fronteiras marítimas permanentes, considerando que se trata de uma questão "óbvia de justiça".

Em declarações à Lusa, José Ramos-Horta saudou, quer o papel do líder timorense Xanana Gusmão, negociador principal de Timor-Leste neste processo, quer o que disse ser o "pragmatismo" mostrado pelo Governo australiano.

"'Chapeau' a Xanana Gusmão que apostou nisto, investiu a sua credibilidade num processo arriscado, em que não havia garantia de resultado a curto ou médio prazo. 'Chapeau' também aos governantes australianos por terem finalmente aceitado o diálogo para delimitação permanente da fronteira marítima", afirmou à Lusa, em Díli.

Este processo, disse, "revelou também sentido de Estado e de pragmatismo da Austrália" e o "compromisso genuíno daquele país face a Timor-Leste".

"Eles também são seres humanos e sabem que não seria bonito um país tão grande como a Austrália guerrear com Timor-Leste numa questão que é tão óbvia, uma questão de justiça tão óbvia", afirmou.

Os Governos de Timor-Leste e da Austrália afirmaram hoje em comunicado conjunto que estão empenhados em trabalhar de "boa-fé" para alcançar um acordo permanente de fronteiras marítimas entre os dois países até setembro de 2017.


O comunicado surgiu depois de reuniões confidenciais entre delegações de Timor-Leste e da Austrália e sob os auspícios de uma Comissão de Conciliação das Nações Unidas, que decorreram entre 16 e 20 de janeiro em Singapura.as reuniões foram produtivas e reafirmaram o seu empenho em trabalhar de boa-fé para um acordo sobre as fronteiras marítimas até ao final do processo de conciliação, em setembro de 2017", refere a nota.

"A Comissão tenciona fazer todo o possível para ajudar as partes a chegar a um acordo que seja equitativo e realizável", sublinha o comunicado, que é também subscrito pela comissão de conciliação.

Ramos-Horta mostrou-se confiante de que "ainda no decurso deste ano poderá encontrar-se um acordo em relação à fronteira marítima assente na linha mediana", posição defendida desde sempre por Timor-Leste.

Depois, recordou, terão que decorrer negociações para determinar "a linha lateral ocidental que afeta a Indonésia", podendo "em paralelo, iniciar-se conversações com os investidores para fazer avançar o projeto Sunrise".

Com reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás, o Greater Sunrise é, potencialmente, um dos maiores campos do Mar de Timor mas o seu desenvolvimento tem estado atrasado por este impasse na definição fronteiriça.

Ramos-Horta disse estar "relativamente otimista" quando ao acordo sobre fronteiras e "prudentemente otimista" sobre a possibilidade de desenvolvimento do Sunrise, considerando que se os preços do petróleo subirem acima dos 60 ou 70 dólares por barril "já é comercialmente justificável o investimento para o desenvolvimento do Sunrise".

ASP // VM

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