Díli,
23 jan (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta saudou
hoje o empenho dos Governos de Timor-Leste e da Austrália em negociar ainda
este ano fronteiras marítimas permanentes, considerando que se trata de uma
questão "óbvia de justiça".
Em
declarações à Lusa, José Ramos-Horta saudou, quer o papel do líder timorense
Xanana Gusmão, negociador principal de Timor-Leste neste processo, quer o que
disse ser o "pragmatismo" mostrado pelo Governo australiano.
"'Chapeau'
a Xanana Gusmão que apostou nisto, investiu a sua credibilidade num processo
arriscado, em que não havia garantia de resultado a curto ou médio prazo.
'Chapeau' também aos governantes australianos por terem finalmente aceitado o
diálogo para delimitação permanente da fronteira marítima", afirmou à
Lusa, em Díli.
Este
processo, disse, "revelou também sentido de Estado e de pragmatismo da
Austrália" e o "compromisso genuíno daquele país face a
Timor-Leste".
"Eles
também são seres humanos e sabem que não seria bonito um país tão grande como a
Austrália guerrear com Timor-Leste numa questão que é tão óbvia, uma questão de
justiça tão óbvia", afirmou.
Os
Governos de Timor-Leste e da Austrália afirmaram hoje em comunicado conjunto
que estão empenhados em trabalhar de "boa-fé" para alcançar um acordo
permanente de fronteiras marítimas entre os dois países até setembro de 2017.
O
comunicado surgiu depois de reuniões confidenciais entre delegações de
Timor-Leste e da Austrália e sob os auspícios de uma Comissão de Conciliação
das Nações Unidas, que decorreram entre 16 e 20 de janeiro em Singapura.as reuniões foram produtivas e
reafirmaram o seu empenho em trabalhar de boa-fé para um acordo sobre as
fronteiras marítimas até ao final do processo de conciliação, em setembro de
2017", refere a nota.
"A
Comissão tenciona fazer todo o possível para ajudar as partes a chegar a um
acordo que seja equitativo e realizável", sublinha o comunicado, que é
também subscrito pela comissão de conciliação.
Ramos-Horta
mostrou-se confiante de que "ainda no decurso deste ano poderá
encontrar-se um acordo em relação à fronteira marítima assente na linha
mediana", posição defendida desde sempre por Timor-Leste.
Depois,
recordou, terão que decorrer negociações para determinar "a linha lateral
ocidental que afeta a Indonésia", podendo "em paralelo, iniciar-se
conversações com os investidores para fazer avançar o projeto Sunrise".
Com
reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás, o Greater Sunrise é,
potencialmente, um dos maiores campos do Mar de Timor mas o seu desenvolvimento
tem estado atrasado por este impasse na definição fronteiriça.
Ramos-Horta
disse estar "relativamente otimista" quando ao acordo sobre
fronteiras e "prudentemente otimista" sobre a possibilidade de
desenvolvimento do Sunrise, considerando que se os preços do petróleo subirem
acima dos 60 ou 70 dólares por barril "já é comercialmente justificável o
investimento para o desenvolvimento do Sunrise".
ASP
// VM
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