Díli, 20 mai (Lusa) - A economia
não-petrolífera timorense recuou 1,8% no ano passado, em particular devido a
uma redução significativa dos gastos públicos, que continuam a ser os
principais motores da economia de Timor-Leste, segundo um relatório do Banco
Mundial.
O relatório, divulgado hoje,
comprova o impacto que a crise política do país está a ter na economia de
Timor-Leste, com os gastos do executivo a caírem 24% no ano passado face a
2016.
Por isso, a economia
não-petrolífera, que cresceu 5% em 2016, recuou 1,8% em 2017.
A previsão é de que a economia
regresse a níveis positivos em 2018, com o PIB não-petrolífero a crescer 2,8%
em 2018 e a previsão de um regresso do investimento privado nos próximos anos.
Em 2017, nota o estudo, um
envelope orçamental "mais apertado" - num país onde gastos públicos
são 75% do PIB - levou a uma "redução abrupta no gasto público,
especialmente nos últimos três meses do ano", refere o estudo.
A queda na produção petrolífera,
que continua a tendência de descida dos últimos anos, e a redução na exportação
de café no ano passado, devido a piores condições climatéricas, também afetaram
a economia timorense.
Se o setor petrolífero for tido
em conta, o PIB em termos reais contraiu 10% em 2017, depois de um crescimento
de 1% em 2016.
A redução deve-se, explica o
relatório, a uma queda de 15% na produção petrolífera, que atingiu o seu nível
máximo em 2012 (com 75 milhões de barris de dois campos) e caiu para 42 milhões
de barris de apenas um campo no ano passado.
Volátil tem sido, explica o
estudo, o rendimento nacional bruto, que caiu de 4,5 mil milhões em 2011 para
2,3 mil milhões em 2016, recuperando ligeiramente para 2,9 mil milhões em 2017,
em parte devido a um ligeiro aumento dos preços petrolíferos.
De destacar que pelo segundo ano
consecutivo o retorno no investimento do Fundo Petrolífero foi maior do que as
injeções de receitas, neste caso ultrapassando os 1.500 milhões de dólares ou
mais do triplo do valor das receitas em impostos petrolíferos.
Em 2017 o Estado contraiu empréstimos
de 21,9 milhões - abaixo dos 30,6 milhões de 2016, acumulando segundo as contas
do Banco Mundial cerca de 100 milhões de dólares.
Ainda que o consumo privado tenha
sido mais robusto em 2017 o investimento, quer público quer privado, caiu e o
investimento externo direto "secou", considera o Banco Mundial.
O crescimento do consumo privado
pode refletir, em parte, o aumento de 10% nos gastos em salários do Governo, o
único setor de gastos que subiu no ano passado, com um recuo de 12% em bens e
serviços, de 14% em transferências e, significativamente, de 58% em capital.
Tradicionalmente o último
trimestre é um dos de maiores gastos, com os vários braços do Estado a
acelerarem os processos no intuito de garantir elevadas taxas de execução.
Em dezembro de 2016, por exemplo,
o Estado gastou 450 milhões de dólares, mas em dezembro do ano passado gastou
menos de 200 milhões.
ASP // JH
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