sexta-feira, 27 de abril de 2018

'Avô' Nana retoma campanha em força no regresso a Díli

Díli, 27 abr (Lusa) - O 'avô Nana', alcunha pelo qual é agora conhecido o líder histórico timorense Xanana Gusmão, retomou hoje, em força, a campanha da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) com um pequeno comício na zona ocidental da cidade de Díli.

Uma larga multidão convergiu no campo de futebol de D. Bosco, no bairro de Comoro, para o comício onde se evidenciam, além das muitas bandeiras da AMP, outras dos três partidos que a integram: CNRT, PLP e KHUNTO.

Tal como tem ocorrido em praticamente todas as ações de campanha, os jovens dominavam o público, e foi para eles que se dirigiram alguns dos comentários políticos.

Referências à "terceira idade" dos líderes que uniram três partidos - já depois da tomada de posse do atual Governo - para criar uma aliança que parte, pelo menos matematicamente, à frente para o voto: controlam 35 dos 65 lugares do parlamento.

Xanana Gusmão, presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e José Naimori, fundador do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), lideram a campanha da AMP.

Uma coligação de anteriores adversários que se uniram contra o Governo liderado pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e pelo Partido Democrático (PD).

Hoje Taur Matan Ruak não estava - o PLP estava representado na tribuna de honra por Fidelis Magalhães - cabendo a José Naimori 'aquecer o ambiente'.

Um discurso emotivo, cheio de referências irónicas e criticas à Fretilin - aspeto que tem marcado grande parte da campanha da AMP.

Xanana Gusmão, que discursou depois, voltou à campanha depois de uma ausência de vários dias durante o qual se deslocou a Nova Iorque para participar, a convite do presidente da Assembleia Geral da ONU, num encontro de alto nível sobre "construção e sustentação da paz".

A visita ocorreu depois de no inicio de março Xanana Gusmão ter cancelado uma visita a Nova Iorque onde deveria testemunhar, com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a assinatura do tratado de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália.

Na véspera da visita Xanana Gusmão alterou os planos e foi à Serra Leoa, no âmbito de uma visita do g7+, acabando por deixar para agora um diálogo com António Guterres com quem, como explicou hoje, pode falar "sobra a situação atual".

No sábado, o líder timorense e uma caravana de dirigentes e militantes da AMP partem para o enclave de Oecusse, a região administrativa especial que tem sido presidida, nos últimos anos, por Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e atual primeiro-ministro.

Em 2017, a Fretilin conquistou praticamente o mesmo número de votos em Oecusse que os três partidos que compõem a AMP juntos - Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - pelo que o comício previsto para domingo está a suscitar algum interesse.

Momento para o qual Xanana Gusmão remeteu uma conversa mais ampla com os jornalistas.

ASP // PJA

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