quinta-feira, 14 de junho de 2018

Arão Noé Amaral eleito novo presidente do Parlamento Nacional timorense


Díli, 13 jun (Lusa) - Arão Noé Amaral, que já foi deputado dos dois maiores partidos timorenses, a Fretilin e o CNRT, foi hoje eleito 5.º presidente do Parlamento Nacional, com 36 votos a favor, numa reunião que marcou o arranque da 5.ª legislatura.

Chefe da bancada do CNRT desde 2012, Arão Noé Amaral, cuja eleição secreta teve 29 votos contra, sucede a Aniceto Guterres Lopes que teve a presidência mais curta do parlamento, de menos de um ano.

Terceiro presidente do parlamento a sair das fileiras do CNRT (depois de Vicente Guterres e Adério Hugo da Costa), Noé Amaral, 63 anos, e que só completou a 4.ª classe, é natural de Fatuberliu, no município de Manufahi.

Arão Noé Amaral é um dos deputados veteranos, tendo, ainda nas fileiras da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), integrado a Assembleia Constituinte e sido eleito deputado na primeira legislatura (2002 a 2007).

Depois de 2007, a partir da 2.ª legislatura, passou a fazer parte da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), partido criado nesse ano. A sua candidatura à presidência foi a única apresentada ao cargo.

Antes da eleição, o presidente cessante, Aniceto Guterres Lopes abriu a primeira reunião da 5.ª legislatura, que começou com o hino nacional, agradecendo aos deputados que terminaram o seu mandato, depois de uma legislatura curta, mas intensa.

Um período, relembrou, que ficará na história do parlamento, com uma "conjuntura política particularmente exigente" e de confrontação e que termina com a maioria dos deputados reeleitos.

Num curto discurso, antes de sair do cargo - como define o regimento - Aniceto Guterres Lopes deixou um apelo a todos os deputados, para que lutem pela nação.

"Timor-Leste precisa de estadistas e políticos com sentido de Estado. Que lutem pelos interesses da nação à frente dos interesses pessoais, de um grupo ou do partido", afirmou.

Os trabalhos ficaram emperrados durante a manhã, com um debate sobre a composição de uma "comissão de verificação de poderes" dos deputados, que finalmente foi aprovada.

Depois de almoço, em conjunto, os 65 deputados prestaram juramento: "Juro por Deus, pelo Povo e por minha honra, cumprir com lealdade as funções em que sou investido, cumprir e fazer cumprir a Constituição e a Lei e dedicar toda a minha energia e capacidade à defesa e consolidação da independência, unidade e integridade nacionais".

Ausente da sessão de hoje estiveram os líderes dos do CNRT, Xanana Gusmão, e do PLP, Taur Matan Ruak, que eram cabeças de lista da AMP e que renunciaram ao seu mandato.

Xanana Gusmão já foi, no passado, deputado, enquanto Taur Matan Ruak renunciou pela segunda vez consecutiva ao cargo para o qual foi eleito, a primeira depois das eleições 2017. Foram substituídos respetivamente por Óscar de Araújo (NCRT) e Sabino Soares (PLP).

A sessão foi suspensa para uma 'foto de família' dos deputados e depois para a entrada de vários requerimentos de substituição temporária de Mari Alkatiri (Fretilin), antes de ser retomada para a eleição de Arão Noé Amaral.

A disposição dos 65 deputados - 42 homens e 23 mulheres - reflete a nova composição do Parlamento Nacional que terá seis bancadas, ainda que só tenham sido eleitas quatro forças políticas: AMP, Fretilin, PD e FDD.

Do lado esquerdo estão, do ponto de vista do público, as bancadas dos dois partidos mais pequenos da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), nomeadamente os cinco deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) e os oito do Partido Libertação Popular (PLP).

No centro estão os 21 deputados do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e do lado direito estão os 23 da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), os cinco do Partido Democrático e os três da Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - que se estreia no Parlamento Nacional.

Nas próximas sessões, serão eleitos os restantes membros da mesa.

Com a tomada de posse dos deputados abre-se a porta para a indigitação do próximo primeiro-ministro a quem caberá formar o VIII Governo constitucional, algo que pode ocorrer nas próximas semanas.

ASP // MAG

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