Díli, 10 out (Lusa) - O
presidente do Parlamento Nacional timorense apelou hoje às "nações
amigas" para que o português seja aprovado como língua de trabalho da
União Interparlamentar (UIP) na Assembleia Geral da instituição que decorre
este mês em Genebra.
"Este é um assunto muito
importante e, quando fui eleito presidente do parlamento, o primeiro assunto
que tratei foi a luta para a introdução da língua portuguesa como língua de
trabalho da UIP", afirmou Arão Noé Amaral em declarações à Lusa.
"Enviei muitas cartas aos
países da ASEAN e do G7+ para obter apoio nesta votação. Desejo que, com esta
minha presença e intervenção na UIP, consiga que os nossos países amigos apoiem
e deem um voto favorável a esta iniciativa", acrescentou.
Arão Noé Amaral lidera a
delegação do parlamento timorense que participa, entre 14 e 18 de outubro em
Genebra, na 139.ª Assembleia Geral da União Inter Parlamentar (UIP), onde esta
questão deverá ser votada.
"Esta vai ser uma luta para
podermos chegar até lá. O número de falantes de português no mundo é muito
significativo e, por isso, merece que o português seja língua de trabalho em
instituições como a UIP", disse.
Portugal tem estado a liderar os
esforços diplomáticos, especialmente junto dos restantes países lusófonos, para
conseguir que o português seja aprovado como língua de trabalho na Assembleia
Geral daquela instituição, que decorre este mês em Genebra.
Para isso é necessária uma
alteração aos estatutos da organização, posição expressa numa carta que o
deputado português Duarte Pacheco enviou a responsáveis parlamentares
lusófonos.
"Solicito em nome da
delegação portuguesa o seu empenho junto do grupo geopolítico em que se insere,
assim como do vosso corpo diplomático junto de Estados amigos, para obter o
apoio do maior número de países para esta proposta que nos fortalece a todos e
engrandece a própria UIP", refere a carta.
"Esta é uma hipótese única.
Não sabemos quando haverá nova oportunidade de incluir o português como língua
de trabalho da UIP, só com o empenho de todos e de cada um de nós será possível
alcançar o resultado que todos desejamos", sublinha.
O objetivo era que a questão
tivesse sido debatida e votada na assembleia-geral de março, mas o assunto
acabou por ser adiado.
A mexicana Gabriela Cuevas
Barron, presidente da UIP, assumiu durante a sua campanha para o cargo o
compromisso de incluir o português, o espanhol e o árabe como línguas oficiais
da organização, para assim a tornar mais inclusiva.
O objetivo foi acolhido com
"reservas" por vários países tendo, por isso, o objetivo sido
alterado para conseguir que o português seja língua oficial de trabalho,
destacando que é língua oficial de nove Estados membros da UIP e a mais falada
no hemisfério sul.
Na carta enviada aos parlamentos
lusófonos, Duarte Pacheco refere que mesmo essa opção preocupa alguns dos
países, dado o seu eventual impacto nos custos e, por conseguinte, nas
contribuições nacionais.
O deputado português diz que no
mercado é possível encontrar soluções mais baratas que as atualmente usadas
pela UIP e que viabilizam a introdução do português.
Paralelamente a esta questão,
Arão Noé Amaral aproveitará a ida a Genebra para dar conta dos avanços
democrático em Timor-Leste.
"Timor-Leste sempre esteve a
favor da democracia. Desde a proclamação da independência, a 28 de novembro,
que definimos a República Democrática de Timor-Leste. A democracia é o nosso
princípio e lutamos até á última gota de sangue por isso e muitos guerrilheiros
tombaram por causa desta defesa da democracia", considerou.
"E agora estamos num debate
de diferenças políticas internas, mas penso que isso não vai afetar o processo
democrático em Timor-Leste", disse ainda.
ASP // FST
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