Díli,
27 abr (Lusa) - Os professores portugueses das escolas de referência de
Timor-Leste estão desde dezembro sem receber os complementos salariais, apesar
de repetidas promessas do Governo timorense de que tinha resolvido a sua
situação.
Três
professores ouvidos pela Lusa confirmaram a situação, explicando que os
funcionários timorenses das mesmas escolas já receberam os seus salários, que
estavam também em atraso.
"A
informação que nos está a ser dada é de que só deveremos receber na segunda
metade de maio. Dizem que o problema agora é nas Finanças e não no Ministério
da Educação", disse um professor à Lusa.
Outra
professora explicou a "situação dramática" que vivem alguns dos
docentes que nem sequer têm dinheiro para poder ir ao médico - têm que pagar
antecipadamente antes de serem ressarcidos pelo seguro.
"Díli
não é uma cidade barata. Temos que pagar rendas e os nossos gastos aqui e o
dinheiro do salário em Portugal não chega para as despesas lá e cá",
sublinhou.
Ana
Bessa, coordenadora portuguesa do projeto, recusou-se a prestar qualquer
declaração à Lusa, afirmando que não respondia pelo seu telefone pessoal, para
o qual foi contactada, tendo-se recusado a dar o seu contacto
"oficial".
O
atraso mantém-se um mês depois de o Ministério da Educação timorense ter
anunciado, num comunicado remetido à Lusa, que estavam a ser pagas verbas em
atraso referentes a remunerações e outras regalias salariais de trabalhadores
nacionais e estrangeiros.
Nesse
comunicado, de 26 de março, a tutela refere que o atraso constituiu uma
situação "transversal a todas as entidades do Estado" no pagamento de
"remunerações e outras regalias salariais relativos a prestação de
serviços de nacionais e de internacionais, incluindo complementos
remuneratórios".
No
passado dia 17 de abril, durante uma visita a Timor-Leste, o ministro da
Educação português, Nuno Crato, disse que este e outros problemas que
persistiam na cooperação entre Portugal e Timor-Leste na área da Educação
estavam a ser resolvidos.
"Há
um compromisso por parte do governo de Timor-Leste de apressar as coisas, de
resolver rapidamente os problemas que têm ocorrido e dar mais atenção a que os
problemas se resolvam com maior rapidez se voltarem a acontecer", disse à
Lusa.
Sobre
este assunto, Crato disse que todos estavam "empenhadíssimos em resolver a
situação" e que ele próprio ouviu "o compromisso da parte do Governo
timorense de que essa situação será resolvida a muitíssimo curto-prazo".
As
escolas de referência estão a ser igualmente afetadas pelos repetidos atrasos
no envio para Timor-Leste de quase 50 professores que foram contratados em
setembro do ano passado e continuam sem chegar a Díli.
Questionado
sobre o atraso no envio dos professores, Crato disse que se deveu a "um
problema de coordenação que tem que ser resolvido", contando "com o
empenho do senhor primeiro-ministro de Timor-Leste para o resolver".
O
Ministério da Educação português tinha, no final de fevereiro, justificado à
Lusa o atraso com a mudança de Governo em Timor-Leste e apontado o mês de março
como data provável para a deslocação dos docentes.
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// VM
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