sexta-feira, 3 de julho de 2015

Milhares pedem democracia nas ruas de Hong Kong, mas muito menos que há um ano


Hong Kong, 01 jul (Lusa) -- Milhares de pessoas reivindicaram hoje o sufrágio universal em Hong Kong, na tradicional manifestação para assinalar o aniversário da transição para a China, que este ano registou uma adesão bastante mneor que no ano passado.

De acordo com agências internacionais e a imprensa de Hong Kong, a Frente Civil para os Direitos Humanos, que organiza a marcha anual do 01 de julho, data da transferência da soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China, tinha prevista a participação de 100.000 pessoas na manifestação que este ano decorreu sob o lema "construir a democracia, recuperar o futuro".

Os números da participação na marcha não eram conhecidos até às 19:00 locais (12:00 em Lisboa), mas de acordo com a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), a multidão nas ruas este ano era visivelmente menor comparando com as 510.000 pessoas estimadas no ano passado.

"O mais importante é expressar a desaprovação (ao governo) de Hong Kong e ao governo comunista (Pequim) por suprimir as liberdades do povo chinês e exigir verdadeiras eleições para a população de Hong Kong", disse à AFP o manifestante Wong Man-ying, 61 anos.

Sete meses após o fim da ocupação das ruas iniciada pelo movimento pró-democracia 'Occupy', era esperada uma menor adesão à manifestação, que desde 2003 percorre o trajeto entre o Parque Vitória e a sede do governo, na cidade politicamente dividida, com ativistas a admitirem que o cansaço se instalou.

"Todos esperam uma menor participação do que no ano passado, o movimento popular não é o mesmo", reconheceu Johnson Yeung, da Frente Civil para os Direitos Humanos.

A marcha decorreu duas semanas após o chumbo no Conselho Legislativo (LegCo) do plano de reforma política proposto pelo governo da Região Administrativa Especial chinesa e apoiado pelas autoridades de Pequim.

A proposta dava, pela primeira vez, oportunidade a todos residentes de Hong Kong de em 2017 votarem nas eleições para o chefe do Executivo, mas sob a condição de que todos os candidatos -- dois ou três no máximo -- fossem pré-selecionados por um comité conotado com Pequim.

O chumbo da proposta é visto como um desafio a Pequim e eleva as dúvidas sobre o desenvolvimento político da antiga britânica para os próximos anos.

Deputados pró-democracia tinham apelado à população para aderirem à manifestação de hoje para exercer pressão sobre o governo para que retome o processo de reforma eleitoral.

Durante a manhã de hoje, no discurso para assinalar o 18.º aniversário da transição de Hong Kong para a China, o chefe do governo, Leung Chung-ying, sublinhou que os problemas da cidade não podem ser resolvidos unicamente pela instauração de um sistema democrático e afirmou que, agora que a reforma política foi rejeitada, o governo dará prioridade à luta contra os problemas da habitação e pobreza.

"Agora que o sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo foi rejeitado, o Governo necessita do apoio e cooperação de toda a população se queremos impulsionar a economia e melhorar a vida dos residentes de Hong Kong", afirmou o chefe do executivo, também conhecido por CY Leung.

Na manifestação do ano passado foram detidos mais de 500 manifestantes que se recusaram a abandonar o distrito financeiro de Hong Kong, após um comício pró-democracia participado por milhares de pessoas.

FV (DM) // JMR - Foto May Tse

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