quinta-feira, 28 de abril de 2016

Debate sobre presidência do parlamento timorense volta a ser adiado


Díli, 28 abr (Lusa) - A impossibilidade de a Rádio Televisão de Timor-Leste transmitir hoje em direto do parlamento timorense levou ao adiamento por 24 horas do debate sobre um requerimento do maior partido, o CNRT, para eleger uma nova mesa de presidência.

"A reunião plenária de 28 de abril de 2016 fica adiada para sexta-feira, 29 de abril, por impossibilidade de transmissão direta pela RTTL", lê-se numa nota da Divisão do Plenário do Parlamento Nacional deixada nas bancadas.

A decisão só foi anunciada hoje porque a RTTL confirmou já tardiamente na quarta-feira a impossibilidade de realizar a transmissão direta da sessão plenária.

O CNRT quer eleger uma nova mesa do Parlamento Nacional por perda de confiança no atual presidente da assembleia, Vicente da Silva Guterres (que é deste partido) e pelo fim do bloco de coligação com o Partido Democrático (PD).

O PD tem dois elementos na mesa do parlamento.

O debate já esteve previsto para terça-feira, mas foi adiado em solidariedade com o PD devido à morte de uma dirigente do partido. Passou para quarta-feira, mas foi remarcado para hoje porque o presidente e vários deputados defenderam que o debate deveria ser transmitido em direto pela rádio e pela televisão.

Os deputados, principalmente da bancada do CNRT, reagiram negativamente à decisão do presidente do Parlamento Nacional de adiar de novo o debate, chegando a ponderar realizar a sessão plenária de hoje sem a presença do presidente e com os trabalhos liderados pelo vice-presidente, Adérito Hugo da Costa.

O novo adiamento acabou por avançar já que foi realizado com base nas competências do presidente que incluem, segundo o regimento parlamentar, "marcar as sessões plenárias e fixar a ordem do dia" e "organizar as sessões plenárias".

Todo este processo está condicionado por interpretações sobre o regimento, nomeadamente o artigo 15, que determina que "o presidente é eleito por legislatura", prevendo apenas uma nova eleição em caso de renúncia ao cargo, o que não ocorre aqui.

O regimento é omisso em situações como a atual ou, por exemplo, em caso de morte, com alguns deputados a defenderem uma alteração regimental e outros a considerarem que a soberania do plenário é suficiente para avançar com o processo mesmo que haja eventuais lacunas no texto.

Mesmo que o requerimento sobre a eleição de nova mesa seja aceite pelo plenário para debate e votação não está ainda claro se o CNRT tem ou não apoio político suficiente no Parlamento Nacional para eleger a nova mesa.

O regimento prevê que a eleição para o novo presidente do Parlamento Nacional deve ter o apoio da maioria absoluta dos deputados, ou 33 dos 65 deputados que integram o parlamento timorense.

A bancada do CNRT só conta com 30 votos (sendo um deles do próprio presidente) pelo que necessita obrigatoriamente do apoio de outras forças políticas.

O PD, que segundo o CNRT foi afastado da coligação governamental, não deverá votar favoravelmente, sobrando apenas os dois deputados da Frente Mudança (FM), que ainda está na coligação com o CNRT, e a Fretilin, que controla 25 mandatos.

A Fretilin, no entanto, já disse que não quer ter deputados seus na mesa - que ficaria assim apenas composta por membros do CNRT e, eventualmente da FM, mas não está claro de que forma votará esta força política.

A atual mesa do parlamento foi eleita com os votos favoráveis do CNRT, PD e FM e a abstenção da Fretilin.

Neste caso, o CNRT necessita, obrigatoriamente, do voto favorável da Fretilin.

ASP // MP

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