quinta-feira, 28 de abril de 2016

Fundo Petrolífero timorense em queda desde há um ano após atingir valor recorde


Díli, 27 abr (Lusa) - O Fundo Petrolífero timorense, principal fonte de receitas públicas, atingiu o maior valor de sempre há um ano, mas diminui desde então, devido ao preço do crude e à menor produção no Mar de Timor.

Dados do Banco central confirmam que no final de fevereiro o Fundo Petrolífero (FP) registava um valor de cerca de 16 mil milhões de dólares, menos 1,1 mil milhões que em abril do ano passado, quando atingiu o valor mais elevado de sempre.

Os dados foram compilados com base em informação do Banco Central de Timor-Leste e analisados no blog "É a economia estúpido", um dos principais espaços de análise estatística sobre a macroeconomia timorense.

Gráficos disponíveis nesse espaço demonstram a tendência do FP no último ano, com o seu valor a tocar teto em abril de 2015 - 17,1 mil milhões de dólares - e a cair progressivamente, para 16 mil milhões, em final de fevereiro.

A tendência de queda deverá manter-se nos próximos anos, segundo previsões do executivo timorense, do Banco Mundial e do FMI, confirmando a pressão para que o executivo consolide a estratégia de desenvolvimento da economia não-petrolífera.

O valor do FP está a ser afetado pela queda do preço do crude, mas também pela redução na produção dos campos petrolíferos existentes no Mar de Timor.

A produção nos primeiros oito meses de 2015 foi cerca de um quarto da de 2012, o ano de maior produção de sempre.

O poço Kitan, por exemplo, está em fim de vida útil e a extração no campo de Bayu-Udan vai continuar a cair até 2021, quando se espera que pare também totalmente.

Há ainda uma menor 'performance' dos investimentos do próprio FP, que têm registado rentabilidades menores do que no passado, em parte devido à volatilidade nas bolsas internacionais.

Igualmente a confirmar a tendência de queda no valor do FP estão os dados sobre as variações anuais do capital do fundo, que caem desde 2013 (quando se registou a maior variação positiva) e alcançara, mesmo um valor negativo em 2015.

Foi no ano passado que o valor do FP desceu pela primeira vez.

Em 2010, o capital do fundo aumentou 1.527 milhões de dólares, em 2011 cresceu 2.407 milhões, em 2012 aumentou 2.464 milhões e em 2013 cresceu 3.211 milhões de dólares.

Em 2014, o FP cresceu menos do que no ano anterior, 1.553 milhões de dólares, tendo registado uma queda de 321 milhões de dólares no ano passado.

O FP é a maior fonte de receitas públicas de Timor-Leste e paga 90% dos gastos orçamentais anuais.

ASP // MP

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