O
número de pessoas à beira da pobreza e exclusão social na União Europeia (UE)
aumentou relativamente a 2010, estimando-se em quase 23 milhões o número de
crianças pobres, segundo um estudo hoje divulgado.
Em
2014, afirma-se no documento, mais de 122 milhões de habitantes da UE viviam em
agregados populacionais considerados pobre (53% mulheres e 47% homens), mais de
55% dos quais em idade ativa (entre 25 e 64 anos).
Considerando
apenas adultos (mais de 18 anos), quase 52 milhões de mulheres e 44 milhões de
homens viviam em risco de pobreza ou exclusão social (Portugal com números
ligeiramente acima da média da UE).
Também
em 2014 o desemprego de jovens era "dramaticamente alto", 23% dos
homens e 21% das mulheres, sendo que em Portugal os números eram dos mais altos
e muito acima da média europeia.
O
estudo do Instituto Europeu da Igualdade do Género (EIGE, na sigla original)
alerta ainda para outro dado: por cada criança adicional aumenta o risco de uma
mulher cair na pobreza, sendo que as populações em maior risco são os jovens,
pessoas sozinhas, migrantes, pessoas com deficiências e famílias com três ou
mais filhos.
O
estudo dá conta também de que uma grande dependência em muitas famílias do
ordenado do homem aumenta o risco de pobreza e de insegurança, e indica que 70%
das famílias com filhos caem na pobreza quando o marido perde o emprego.
"Temos
de garantir melhores opções de carreira para as mulheres, salários mais justos
e melhores sistemas sociais, como pensões que tenham em conta as diferentes
necessidades e desafios que enfrentam homens e mulheres. Tal ajudará a proteger
contra a pobreza não só as mulheres mas também toda a família, incluindo homens
e crianças", disse Virginija Langbakk, diretor do EIGE, citada num
comunicado da estrutura.
No
documento nota-se que o emprego é importante para evitar a pobreza mas nem
sempre é suficiente, justificando: um terço (36%) dos homens e um quarto (25%)
das mulheres pobres estão empregados.
Depois,
revela também o documento, as mulheres com filhos têm uma taxa de emprego
relativamente baixa: apenas 55% das mulheres com três ou mais filhos têm
emprego. A necessidade de cuidar dos filhos, pais ou familiares doentes deixa
muitas mulheres fora do mercado de trabalho remunerado e isso tem consequências
ao nível da situação financeira, da carreira e mesmo das pensões.
O
estudo diz que fatores como a idade, sexo, etnia, passado migrante, deficiência
ou tipo de agregado familiar podem afetar a pobreza e exclusão social. Quase
metade das famílias monoparentais são pobres, especialmente as mulheres, já que
constituem 85% das pessoas que vivem sozinhas.
Os
jovens também são mais afetados pela pobreza, especialmente quando já não vivem
com os pais, e os migrantes são outro grupo de risco, segundo o estudo:
"em 2014, 41% das mulheres e 39% dos homens nascidos num país fora da EU
estavam em risco de pobreza ou de exclusão social".
Em
2014 a taxa de inatividade de homens e mulheres nascidos fora da UE (15-64
anos) era de 39% para as mulheres e 20% para os homens, sendo que Portugal
tinha das taxas de inatividade mais baixas, só ultrapassado pelo Chipre.
O
estudo realça também que nove em cada 10 ciganos são pobres e que a situação é
especialmente difícil para as mulheres.
Lusa
– em Notícias ao Minuto
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