Jacarta,
30 nov (Lusa) -- Milhares de indonésios juntaram-se a manifestações
interreligiosas em todo o país organizadas pelos militares, numa tentativa de
demonstrar a unidade nacional, numa altura em que as tensões religiosas e
raciais dividem a nação muçulmana mais populosa do mundo.
A
polícia estimou que cerca de 30.000 pessoas concentraram-se hoje junto ao
Monumento Nacional em Jacarta, a capital indonésia, mas disse que metade eram
militares ou polícias.
As
forças de segurança estão a preparar-se para lidar com o segundo protesto
promovido pelos muçulmanos conservadores contra o governador da cidade, da
minoria cristã, que está a ser acusado de blasfémia. O primeiro protesto, a 4
de novembro, tornou-se violento, causando um morto e 12 feridos.
Os
organizadores das concentrações, lideradas pelo chefe do exército, general
Gatot Nurmantyo, também convidaram os estudantes e líderes das seis religiões
reconhecidas na Indonésia.
A
Frente dos Defensores do Islão (FPI) acusa o governador de Jacarta, Basuki
Tjahaja Purnama, um cristão de origem chinesa, de ter recentemente insultado o
Islão.
O
governador, conhecido pelo seu modo franco de falar, é acusado de blasfémia
contra o Islão, numa declaração feita no final de setembro, em que classificou
como errada a interpretação de alguns ulemas (teólogos muçulmanos) de um
versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente
muçulmano.
Perante
a dimensão tomada pela polémica, alimentada por fundamentalistas islâmicos, o
governador, alcunhado Ahok, apresentou publicamente um pedido de desculpas.
Mas
a ira de alguns grupos radicais, como o FPI, não diminuiu.
Uma
anterior manifestação tinha já concentrado cerca de 10.000 participantes, a 14
de outubro, em Jacarta, contra o governador candidato à reeleição em fevereiro
próximo.
FV
(DM/ANC) // MP – Foto: AP/Achmad Ibrahim
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