Díli,
17 mar (Lusa) - Uma estridente campainha que se ouvia praticamente cada dois
minutos, a assinalar o fim do tempo que cada candidato tinha para responder,
tornou-se hoje o som mais marcante do debate entre os oito candidatos às
eleições presidenciais timorenses.
De
cada vez que um dos candidatos ultrapassava os dois minutos previstos para
responder - marcados em dois ecrãs com contagem decrescente dos dois lados do
palco -, ouvia-se a campainha, que ecoava no amplo salão da Comissão Nacional
de Eleições (CNE) onde decorreu o debate.
Mesmo
no caso em que os candidatos acabavam mais cedo, os moderadores tinham que
esperar o fim dos dois minutos e a campainha para não serem interrompidos pelo
som.
Um
dos primeiros a não precisar do tempo todo foi José Neves, a quem um dos dois
moderadores, o jornalista Vergílio Guterres, perguntou se não queria aproveitar
os 30 segundos que faltavam logo na sua primeira resposta: "não preciso
mais tempo para explicar", respondeu.
A
campainha foi apenas uma das 'tecnologias' utilizadas na conversa de duas horas
e meia que estreou as transmissões em 'streaming' pela internet dos debates
eleitorais - também foi transmitido pela rádio e televisão nacionais (RTTL).
Tecnologia
que nem sempre correu bem, com espetadores a queixarem-se nas redes sociais
sobre a má qualidade do áudio da RTTL.
Nas
primeiras respostas, os maiores aplausos da plateia marcaram a intervenção de
um relativo desconhecido, Luis Tilman, que disse que se apresentava ao voto
para mostrar que "qualquer um se pode candidatar ao cargo de chefe de
Estado".
José
Luis Guterres, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, foi o primeiro a usar uma
expressão em inglês, logo na sua primeira frase, a referir-se à tensão no
"South China Sea", antes de detalhar a sua experiência diplomática e
enquanto membro do Governo.
Foi
também o primeiro a usar o português, referindo-se à ocupação japonesa de
Timor-Leste durante a 2.ª Guerra Mundial que, disse: "trouxe ao país uma
guerra que não era nossa".
O
encontro não foi um debate, mas sim uma sucessão de perguntas respondidas
durante dois minutos e sem qualquer interação por cada um dos candidatos,
primeiro na ordem crescente que os oito candidatos ocupam no boletim de voto e
depois no sentido inverso.
Questões
como motivação para a candidatura, definição de principais objetivos da
presidência e quais os maiores desafios do país marcaram o arranque do debate.
Justiça, política externa e economia foram outros dos temas abordados.
O
debate decorreu no Salão Lalini-Lariguto, no segundo andar do edifício da
Comissão Nacional de Eleições (CNE), em Díli.
As
zonas de Lalini-Lariguto, na região de Viqueque, na ponta leste de Timor-Leste
têm especial significado na história da resistência tendo sido ali que decorreram
as negociações entre a resistência, lideradas por Xanana Gusmão, e os ocupantes
indonésios, que levaram ao cessar-fogo de 1983.
Dois
moderadores, Vergílio Guterres (presidente do Conselho de Imprensa) e Paula
Rodrigues (jornalista da RTTL) colocaram as questões, que foram preparadas com
contribuições da CNE, da Provedoria dos Direitos Humanos e da Comissão
Anticorrupção.
O
intervalo do longo debate ficou marcado por uma atuação da artista sensação
timorense, a jovem Maria Vitória, que recentemente ficou em terceiro num
concurso promovido por uma televisão indonésia e que interpretou uma canção em
tétum sobre a paz no mundo.
Do
debate ficam também outros momentos, como quando o copo e a garrafa de água
caíram sobre o palanque de Francisco Guterres Lu-Olo, favorito nas eleições de
segunda-feira.
Jornalistas
timorenses recordaram, de imediato, que no debate das presidenciais de 2007,
também caiu o copo com água sobre o palanque do candidato que agora é apoiado
pelos dois maiores partidos do país, Fretilin e CNRT.
ASP
// VM
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