quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Motivos semelhantes sustentam vetos em Timor-Leste em 2016 e 2019


Díli, 23 jan (Lusa) -- O projeto petrolífero do Mar de Timor e a falta de investimento público em áreas como a saúde, educação ou agricultura, foi hoje, pela segunda vez na história de Timor-Leste, o motivo para um veto presidencial que coloca o país numa nova crise institucional.

Francisco Lu-Olo chumbou hoje o Orçamento Geral do Estado (OGE) proposto pelo governo do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, repetindo um veto que o próprio chefe de governo havia feito em 2015, quando era Presidente da República.

No final de 2015, Matan Ruak chumbou o orçamento o ano seguinte, com críticas aos investimentos no projeto associado à exploração petrolífera no Mar de Timor e a pouca despesa pública em setores como a Saúde, a Educação e a Agricultura.

Hoje, em mensagem ao parlamento Francisco Guterres Lu-Olo justificou o veto com a necessidade de uma "nova apreciação parlamentar que possa considerar uma utilização justa, equilibrada e sustentável e mais eficiente dos recursos financeiros de que o Estado e o Povo de Timor-Leste dispõem para a satisfação das suas necessidades essenciais e o crescimento e desenvolvimento nacional".

Em 2015, o atual primeiro-ministro disse, na qualidade de Presidente, que discordava de "investimentos em projetos de infraestruturas sem retorno efetivo", especialmente, na altura, a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) ou o projeto Tasi Mane.

Hoje, Lu-Olo questionou a "insustentabilidade agravada do OGE 2019" e o facto de adotar uma política económica e financeira assente numa "orientação contrária à Constituição e às leis estruturantes", o "desequilíbrio orçamental acentuado" e a falta de políticas alternativas.

Este orçamento seria o maior da história de Timor-Leste, no valor de 2,132 mil milhões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros), obrigando a um levantamento 243% mais elevado que o valor sustentável (RSE) do Fundo Petrolífero (FP).

"O ritmo atual da retirada de dinheiros do FP põe em causa a sustentabilidade do próprio Fundo. As transferências em excesso em níveis tão altos aceleraram a eventual extinção do Fundo Petrolífero", sublinhou Lu-Olo.

Em 2015, o veto presidencial foi revertido por um parlamento unido, que voltou a aprovar o orçamento para 2016 com uma maioria qualificada.

Hoje, a Frente de Libertação do Timor-Leste Independente (Fretilin), que apoia o Presidente, conta com um terço dos deputados, o que dificulta uma maioria qualificada.

ASP // PJA

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