Díli, 23 jan (Lusa) -- O líder da
oposição timorense, Mari Alkatiri, considerou hoje que o diálogo entre os
principais líderes "é indispensável" para encontrar uma solução
"global, integrada e transversal" e ultrapassar o impasse político e
económico que o país atravessa desde 2017.
"A solução é o diálogo.
Tenho andado a apelar ao diálogo, os outros dizem que não precisam
dialogar", disse à Lusa o secretário-geral da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin), o partido com maior representação
parlamentar, atualmente na oposição.
Mari Alkatiri comentava assim a
decisão do Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, de vetar o
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2019, decisão, disse, que "abre campo
para novas iniciativas" para resolver a situação do país.
Entre elas, e mesmo antes de o
assunto regressar ao debate parlamentar, Alkatiri defende um diálogo alargado
dos principais líderes "com representação parlamentar" e de outras
individualidades.
"O diálogo tem que ser
extraparlamentar primeiro", disse, afirmando que era indispensável a
participação, além de si próprio, de figuras como Xanana Gusmão (líder do CNRT,
maior dos três partidos do Governo) e Taur Matan Ruak (primeiro-ministro e
líder da segunda força da coligação do executivo, o PLP).
"É indispensável os dois.
Mas pode ser a quatro ou cinco ou seis, mas não muito mais. Seria um cenário
que incluiria algumas figuras que não podemos ignorar", afirmou.
O responsável da Fretilin disse
que o veto presidencial "não mata a lei, não mata outras iniciativas, abre
campo para novas negociações".
E, ao mesmo tempo, afirmou que o
próprio CNRT, através do presidente da bancada "andava a pedir ao
Presidente para vetar".
"Espero que fiquem
satisfeitos. Porque o Presidente vetou. A intenção por detrás das suas posições
não sou eu que vou adivinhar. As razões podem ser diferentes das do
Presidente", afirmou.
"Mas na guerrilha, e estamos
a ser comandados por um ex-comandante da guerrilha, os fins justificam os
meios", disse.
Alkatiri admitiu que quem fizer
uma leitura do OGE percebe que "o Presidente tem as suas razões para
questionar" o documento, explicando que é necessário mais diálogo para
ultrapassar o veto."Não sei se é viável ou não é viável (alterar o
Orçamento). Se dialogarmos com seriedade, com honestidade e sentido de melhor
servir este povo e este país tudo é viável", afirmou.
O Presidente da República
timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, comunicou hoje ao parlamento nacional ter
decidido vetar o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, questionando vários
aspetos da proposta de lei.
Na mensagem enviada ao
parlamento, Lu-Olo pede uma "nova apreciação parlamentar que possa
considerar uma utilização justa, equilibrada e sustentável e mais eficiente dos
recursos financeiros de que o Estado e o povo de Timor-Leste dispõem para a
satisfação das suas necessidades essenciais e o crescimento e desenvolvimento
nacional".
Para justificar a sua decisão,
Lu-olo questiona a "insustentabilidade agravada do OGE 2019" o facto
de adotar uma política económica e financeira assente numa "orientação
contrária à Constituição e às leis estruturantes", o "desequilíbrio
orçamental acentuado" e a falta de políticas alternativas.
A decisão de Lu-Olo foi
comunicada aos jornalistas pelo chefe da Casa Civil que leu uma declaração à
imprensa na Presidência da República.
ASP // VM
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