Díli,
07 nov (Lusa) - Uma serra elétrica, vassouras e tesouras da poda dão a
sonoridade aos últimos preparativos da Escola da Criança Fernando Sylvan, a
primeira escola privada em português que abre as portas em Díli na próxima
semana.
Operários
estavam hoje a dar os toques finais ao exterior do complexo, instalado numa
antiga embaixada próximo da Praia dos Coqueiros, na zona ocidental da capital
timorense, enquanto no interior se davam os toques mais coloridos ao que dará
as boas vindas a 110 alunos.
Três
professores contratados em Portugal e a equipa diretiva estavam hoje a colocar
as míni-mesas e cadeiras, a terminar o berçário, sala de reuniões, refeitório e
outras salas que vão acolher, numa primeira fase, os alunos do pré-escolar e
dos primeiros dois anos do 1º ciclo.
"Já
temos bastantes inscrições. Ainda temos lugares vagos mas estamos ainda só
agora a começar a divulgar a sério porque queríamos concluir todos os
processos. Estamos à espera que isto fique cheio", disse à Lusa.
Em
todo o lado, bonecos de peluche, jogos, livros e outro material didático dão
cor a um espaço desenhado já com os critérios exigidos para que a escola possa
ser reconhecida pelos Ministérios da Educação dos dois países, Portugal e
Timor-Leste.
Um
processo demorado e complicado, como explicou à Lusa uma das sócias e
fundadoras da escola, Maria de Fátima Hog, que confirmou estar à espera ainda
esta semana do último documento das autoridades timorenses para que a escola
possa abrir com normalidade.
"A
dificuldade maior é nas autorizações e licenças no tempo de demora e no
equipamento. Aqui não há nada. Veio tudo de Singapura, que escolhendo pensando
que chegaria aqui rapidamente mas isso também não ocorreu. Por isso, o projeto
atrasou um pouco", disse.
António
da Conceição, ministro da Educação, disse à Lusa que a tramitação burocrática
estava a concluir-se e que ele próprio já tinha dado despacho para que a
licença e a documentação necessária fosse dada à escola, projeto que saudou.
"São
todos projetos que ajudam a melhorar o nosso sistema educativo e as condições
que se oferecem aos timorenses. Os timorenses estão sempre à procura do melhor
para os seus filhos e com esta escola está-se a responder também aos interesses
da população", disse o governante.
Vários
anos de trabalho para lançar um projeto que, como explicou Maria de Fátima Hog,
pretende responder á grande procura de ensino em português em Timor-Leste onde
ainda se notam deficiências, no sistema público, quer na quantidade quer na
qualidade oferecidas.
A
Escola Portuguesa Ruy Cinatti, em Díli, já está nos seus limites, com mais de
900 alunos e longas listas de espera de centenas de famílias e as restantes
escolas privadas do país apenas oferecem currículos em língua inglesa.
"Existe
uma necessidade muito grande aqui em Timor-Leste. O português é língua oficial
de Timor e a maior parte das crianças ainda não falam português. Por isso
tentamos oferecer com currículo português, com professores portugueses uma
alternativa às outras escolas", concluiu.
ASP
// JPS
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