sexta-feira, 29 de maio de 2015

Birmânia acusa ONU de a "ostracizar" na cimeira sobre a crise dos migrantes


Banguecoque, 29 mai (Lusa) -- A Birmânia acusou hoje a ONU de a "ostracizar", por ter apontado a sua "responsabilidade" na crise dos migrantes no sudeste asiático, durante a cimeira sobre a questão em Banguecoque.

"Vocês não podem ostracizar o meu país", disse o chefe da delegação birmanesa, Htin Lynn, visivelmente enervado pelas observações do representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Nesta "questão da imigração ilegal das pessoas em barcos, não podem apenas virar as atenções para o meu país", disse Htin Lynn, diretor geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Birmânia.

Htin Lynn reagia ao apelo do ACNUR para a Birmânia abordar as "causas" da atual crise migratória, incluindo a questão dos apátridas da minoria muçulmana Rohingya, de forma a reconhecer-lhes a cidadania e conter o êxodo do país.

Para resolver as causas da crise "é preciso que a Birmânia assuma inteiramente as suas responsabilidades, em relação a todos os seus habitantes", tinha afirmado, momento antes, Volker Turk, do ACNUR, no seu discurso de abertura.

"A concessão de cidadania é o objetivo final", referiu Volker Turk.

A Birmânia nega a cidadania à maioria dos 1,3 milhões de Rohingyas e não os aceita como minoria étnica oficial, optando por os designar de "bengalis" - abreviação para os estrangeiros do vizinho Bangladesh.

O delegado da Birmânia considerou os comentários de Volker como uma "politização" da questão dos migrantes, acrescentado que "alguns assuntos" são quesitos internos.

FV // JCS

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