Díli,
12 nov (Lusa) -- O Presidente timorense enalteceu hoje o trabalho dos
jornalistas que "deram a conhecer ao mundo o crime em Santa Cruz", no
dia em que se assinalam 25 anos sobre o massacre que mudaria a história da luta
pela independência.
"Passam
25 anos sobre o massacre de Santa Cruz. Infelizmente, houve outros massacres
terríveis na nossa terra. Mas o massacre de Santa Cruz chamou, especialmente, a
atenção do mundo para o sacrifício dos nossos jovens -- e do nosso povo --
porque estavam em Santa Cruz jornalistas, incluindo jornalistas de outros
países", disse Taur Matan Ruak.
"As
imagens que esses jornalistas gravaram e as notícias que escreveram correram
mundo e deram a conhecer o crime cometido em Santa Cruz, em 12 de novembro de
1991", acrescentou o Presidente de Timor-Leste.
A
12 de novembro de 1991 realizou-se uma missa e cerimónia em homenagem de
Sebastião Gomes, morto por elementos ligados às forças indonésias uns dias
antes no bairro de Motael, e milhares de pessoas dirigiram-se até ao cemitério
de Santa Cruz.
Durante
o percurso alguns abriram cartazes e faixas de protesto. As forças indonésias
responderam com extrema violência, matando mais de 250 pessoas.
As
imagens do massacre de Santa Cruz, recolhidas pelo jornalista inglês Max Stahl
e que, para muitos marcaram um momento de viragem na questão de Timor-Leste
saíram de Díli, dois dias mais tarde, a 14 de novembro de 1991, graças à
intervenção da holandesa Saskia Kouwenberg, que escondeu a cassete numa 'bolsa'
improvisada entre duas cuecas cosidas uma à outra, conforme contou à agência
Lusa.
Hoje,
Taur Matan Ruak reconheceu o trabalho dos "jornalistas Allan Nairn e Amy
Goodman, presentes em Santa Cruz, em 1991", e destacou em particular
"o grande amigo de Timor-Leste, Max Stahl, também presente nesse trágico
dia, que pelo seu trabalho, o seu profissionalismo e a sua coragem mostraram ao
mundo o sacrifício dos timorenses no país ocupado".
"Desta
maneira, a imprensa livre e os valores do jornalismo contribuíram para a
liberdade dos timorenses", disse.
Taur
Matan Ruak deixou também um "agradecimento especial" para o
jornalista da agência Lusa António Sampaio, pelo seu contributo para
"divulgar por todo o mundo a luta do povo timorense".
Na
altura do massacre, António Sampaio estava sedeado na Austrália, a partir de
onde acompanhou o massacre, à distância, para a imprensa portuguesa.
"Vinte
e cinco anos depois daquele trágico dia, Timor-Leste é independente e a
liberdade de imprensa permanece um valor da maior importância, para dar voz à
sociedade e aos cidadãos contra a violência e todas as formas de abuso",
afirmou.
Para
Taur Matan Ruak, naquele tempo "em que lutar pelo bem-estar e pelo
desenvolvimento significava libertar o país", os timorenses
"mostraram a sua capacidade, como povo".
O
Presidente timorense destacou em particular o "sacrifício heróico de
muitos jovens, que se ergueram contra a ocupação" e pela "libertação
do povo timorense".
"Presto
homenagem à memória dos mártires de Santa Cruz e de todos os jovens que
tombaram noutros massacres, em Díli e outros lugares", disse, estendendo o
reconhecimento a "todas as famílias cujos filhos e filhas tombaram em
defesa da dignidade do povo e da independência da nossa terra".
No
dia da homenagem aos mártires do 12 de novembro, em que também se assinala o
Dia Nacional da Juventude, Taur Matan Ruak apelou "à unidade do país, em
prol da estabilidade e do desenvolvimento".
Além
disso, destacou ainda o papel da resistência juvenil na Frente Clandestina pelo
planeamento da manifestação rumo ao Cemitério de Santa Cruz, e a continuidade
deste trabalho pelo Comité 12 de novembro.
"Hoje
é também um dia de celebração, pois o dia de hoje marca o início das atividades
de um novo Comité. O Comité Orientador para a Elaboração da História da
Organização da Luta da Juventude, a quem dirijo os meus sinceros votos de
felicitações e a minha estima pessoal e apoio", afirmou.
FV
(ASP) // FV
Sem comentários:
Enviar um comentário