Díli,
10 nov (Lusa) - Duas pessoas ficaram feridas e cinco casas foram queimadas em
confrontos entre grupos rivais de artes marciais na zona de Hera, a cerca de 10
quilómetros leste de Díli, confirmou à Lusa o comandante da polícia timorense.
"Foram
ainda destruídas duas motas e danificada uma terceira. Conseguimos capturar
oito pessoas e emitimos mandados de captura para 10 outras", disse à Lusa
o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Júlio Hornay.
Os
confrontos ocorreram entre grupos rivais vizinhos na zona de Hera no fim de
semana, segundo explicou, começando depois de circularem vídeos com combates no
Facebook.
"Eles
colocam vídeos no Facebook em que se provocam e depois há vinganças. Neste caso
foi mais grave porque queimaram várias casas", explicou o responsável
policial.
Nos
últimos meses têm circulado pelas redes sociais vídeos que mostram confrontos
entre elementos de grupos rivais de artes marciais, tanto em Timor-Leste como
na Irlanda, onde estão imigrados muitos jovens naturais de Timor-Leste.
Esses
confrontos suscitaram já alertas das autoridades irlandesas que tiveram que
intervir em alguns casos, detendo e levando a julgamento alguns timorenses.
Apesar
de esforços repetidos das autoridades timorenses para controlar o problema dos
grupos de artes marciais os confrontos são regulares, envolvendo membros de
três grupos: Korka, Kera Sakti e PSHT (Persaudaraan Setia Hati Terate).
Fundada
em Java Oriental, na Indonésia, em 1922, a PSHT tem atualmente mais de um
milhão de membros naquele país, bem como elementos na Malásia, Singapura,
Holanda, França e Portugal, entre outros.
Em
Timor-Leste, onde a PSHT chegou em 1983, a organização tem cerca de 3.500
"gurus", os instrutores mais graduados, com mais de 30 mil membros em
todo o país. A Korka e a Kera Sakti têm milhares de apoiantes.
Há
pelo menos dois partidos timorenses com ligações aos grupos de artes marciais
que têm entre os seus praticantes antigos e atuais membros do Governo e outras
individualidades timorenses.
A
organização Fundação Mahein (FM), que monitoriza a situação de segurança em
Timor-Leste (entre outros aspetos) já alertou por várias vezes para os riscos
em algumas zonas de Díli dos confrontos entre grupos rivais.
Este
é um problema recorrente em Timor-Leste e já em 2002 e 2003 as organizações de
artes marciais viram-se envolvidas em incidentes idênticos, com conflitos e
rivalidades antigas.
Em
janeiro de 2015, o então primeiro-ministro Xanana Gusmão presidiu a uma
cerimónia em que cerca de 290 elementos da polícia (PNTL) e forças armadas
timorenses (F-FDTL) que participavam em grupos de artes marciais, foram
obrigados a renovar o seu juramento ao Estado.
ASP//ISG
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