sábado, 12 de novembro de 2016

Dois feridos e oito detidos em confrontos em Timor-Leste entre grupos de artes marciais


Díli, 10 nov (Lusa) - Duas pessoas ficaram feridas e cinco casas foram queimadas em confrontos entre grupos rivais de artes marciais na zona de Hera, a cerca de 10 quilómetros leste de Díli, confirmou à Lusa o comandante da polícia timorense.

"Foram ainda destruídas duas motas e danificada uma terceira. Conseguimos capturar oito pessoas e emitimos mandados de captura para 10 outras", disse à Lusa o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Júlio Hornay.

Os confrontos ocorreram entre grupos rivais vizinhos na zona de Hera no fim de semana, segundo explicou, começando depois de circularem vídeos com combates no Facebook.

"Eles colocam vídeos no Facebook em que se provocam e depois há vinganças. Neste caso foi mais grave porque queimaram várias casas", explicou o responsável policial.

Nos últimos meses têm circulado pelas redes sociais vídeos que mostram confrontos entre elementos de grupos rivais de artes marciais, tanto em Timor-Leste como na Irlanda, onde estão imigrados muitos jovens naturais de Timor-Leste.

Esses confrontos suscitaram já alertas das autoridades irlandesas que tiveram que intervir em alguns casos, detendo e levando a julgamento alguns timorenses.

Apesar de esforços repetidos das autoridades timorenses para controlar o problema dos grupos de artes marciais os confrontos são regulares, envolvendo membros de três grupos: Korka, Kera Sakti e PSHT (Persaudaraan Setia Hati Terate).

Fundada em Java Oriental, na Indonésia, em 1922, a PSHT tem atualmente mais de um milhão de membros naquele país, bem como elementos na Malásia, Singapura, Holanda, França e Portugal, entre outros.

Em Timor-Leste, onde a PSHT chegou em 1983, a organização tem cerca de 3.500 "gurus", os instrutores mais graduados, com mais de 30 mil membros em todo o país. A Korka e a Kera Sakti têm milhares de apoiantes.

Há pelo menos dois partidos timorenses com ligações aos grupos de artes marciais que têm entre os seus praticantes antigos e atuais membros do Governo e outras individualidades timorenses.

A organização Fundação Mahein (FM), que monitoriza a situação de segurança em Timor-Leste (entre outros aspetos) já alertou por várias vezes para os riscos em algumas zonas de Díli dos confrontos entre grupos rivais.

Este é um problema recorrente em Timor-Leste e já em 2002 e 2003 as organizações de artes marciais viram-se envolvidas em incidentes idênticos, com conflitos e rivalidades antigas.

Em janeiro de 2015, o então primeiro-ministro Xanana Gusmão presidiu a uma cerimónia em que cerca de 290 elementos da polícia (PNTL) e forças armadas timorenses (F-FDTL) que participavam em grupos de artes marciais, foram obrigados a renovar o seu juramento ao Estado.

ASP//ISG

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