05 de Março de 2019, 20:08
Timor-Leste pode ter benefícios
anuais superiores a 40 milhões de euros com uma ligação internacional de fibra
ótica que torne mais rápido o acesso à internet, que está entre os mais caros
do mundo, segundo um estudo.
O estudo "Speed
Matters" (Velocidade Importa) estima que a melhoria do acesso à internet
pode representar um aumento total de 23 milhões de dólares por ano em salários,
com mais 4,2% de empregos ou até 16 mil empregos adicionais.
"Há fortes justificações
para uma melhoria significativa da tecnologia", refere o estudo, notando
que está é uma prioridade nos planos de desenvolvimento nacionais, nos
objetivos da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) -- a que
Timor-Leste aspira pertencer -- e a nível dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, que o país subscreveu.
Preparado pela universidade
australiana Monash e pela Market Development Facility (MDF), o estudo procura
analisar as vantagens de Timor-Leste estabelecer uma conexão de fibra ótica
internacional.
A análise, agora divulgada,
mostra que o "custo de dados é extremamente elevado em Timor-Leste"
com um preço médio de 500 dólares americanos por megabite/segundo (MBPS),
comparado aos 1,8 dólares pagos na indonésia, os 2,09 dólares na Austrália ou
os 8,1 dólares no Camboja.
Timor-Leste é um dos países do
mundo que continua sem uma conexão internacional por cabo de fibra ótica, com o
país a ter que aceder à internet através de conexões por satélite, o que afeta
significativamente a qualidade da rede e faz aumentar o preço.
Estimativas da International
Telecommunications Union (ITU) indicam que a velocidade média da internet em
Timor-Leste é 25 vezes mais lenta que a de outros países da Ásia e Pacífico.
"Timor-Leste depende quase
exclusivamente de serviços de satélite relativamente lento e caro para as
conexões à internet. Não há cabos submarinos a funcionar ou a ser
construídos", explica.
"A situação continuará a
pior com o aumento da procura. Quando um serviço tem mais utilizadores, uma
quantidade fixa de largura de banda tem que ser partilhada entre esses
utilizadores, o que implica que cada um fica com uma parte mais pequena,
tornando a sua velocidade de conexão ainda mais lenta", explica.
O estudo mostra que só 12% das
ligações por telemóvel em Timor-Leste incluem acesso 3G -- apesar da rede
abranger já 97% da população, demonstrando a potencial "elevada
procura" com o progressivo uso crescente de internet móvel.
Só 25% dos timorenses usa a
internet regularmente, bastante aquém da média mundial que ultrapassa os 46% e
da média da Ásia e Pacífico que é de 41,5%.
Além do benefício imediato de
permitir ao país ter acesso mais rápido, mais barato e mais estável à internet,
uma ligação internacional em fibra ótica, o estudo nota o impacto que poderia
haver em termos de criar novas oportunidades de negócio.
"As análises internacionais
sugerem que a chegada de um cabo submarino de internet leva a um crescimento da
atividade económica. Os negócios beneficiam com isso e verifica-se uma criação
significativa de emprego", refere o estudo.
Os benefícios tocam setores que
são considerados prioritários para o país, como o turismo -- facilitando as
ações de promoção dos operadores -- e agricultura, dando aos produtores acesso
a mais informação e reforço no acesso aos mercados.
O estudo recomenda que se o
Governo avançar na instalação do cabo o faço com base num processo transparente
de concurso público que inclui "dar informação e oportunidade de
participação à sociedade civil".
E aponta os benefícios de, nesse
eventual projeto, aplicar um modelo de parceria público-privada permitindo unir
o componente de serviço público com os benefícios do know-how privado.
O estudo nota que apesar de nos
últimos terem havido várias propostas para a instalação de um cabo submarino,
nenhuma avançou sendo importante na opção escolhida ter em conta não apenas
preço mas também questões como qualidade e segurança.
O custo do cabo pode variar entre
20 milhões no caso de uma ligação à rede Palapa, na Indonésia -- que depende de
ligações entre ilhas -- e 200 milhões na ligação até Singapura, refere o
estudo.
"Embora possa parecer óbvio
usar a conexão de menor custo, é importante considerar a qualidade e capacidade
da rede. Conectar através de Kupang [na metade indonésia da ilha], pode levar a
melhorias menos significativas na capacidade do que uma das alternativas",
nota.
"Há indícios de que uma
forte possibilidade de uma conexão não confiável via Timor Ocidental. Faz parte
de uma rede que depende em grande parte de uma rede de cablagem cabeamento
terrestre", acrescenta.
Há ainda a considerar, na decisão
final, "o risco de espionagem ou outras atividades" se o cabo em
causa não oferecer segurança adequada.
Lusa, em Sapo TL
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