Pequim,
28 mai (Lusa) - Uma dezena de universitários chineses que estudam no
estrangeiro desafiaram o Governo chinês com uma carta dirigida aos seus colegas
na China em que revelam "a verdade" sobre o massacre de Tiananmen, em
1989.
"Considerando
os esforços constantes do Governo para encobrir o ocorrido e perseguir os
sobreviventes e familiares das vítimas, senti que tinha a responsabilidade
moral de elevar a voz e contar a verdade", justificou Gu Yi, aluno na
Universidade de Georgia, que escreveu a carta e conseguiu o apoio de 12 alunos
nos Estados Unidos e Austrália.
A
missiva, publicada na Internet, recolhe detalhes sobre o que aconteceu na
madrugada de 03 para 04 de junho de 1989, em Pequim, quando o Governo decidiu
pôr fim a quase dois meses de protestos pró-democracia na capital e noutros
pontos do país através do exército, que saiu para a rua com tanques e disparou
contra os manifestantes.
O
número real de mortos ainda é desconhecido, mas acredita-se que oscila entre as
centenas e os milhares, com o Executivo a defender que este é um capítulo
encerrado e a negar-se a comentar o assunto.
Para
surpresa dos autores da carta, o diário oficial Global Times publicou, num
editorial, uma resposta à carta em que acusa "forças estrangeiras
hostis" de estarem por detrás da iniciativa, gerando o resultado
involuntário de dar a conhecer ainda mais a carta.
"A
sociedade chinesa chegou a um consenso para não debater o incidente de 1989
(...). Numa altura em que a China está a avançar, alguns estão a tentar
apropriar-se da história, numa tentativa de dividir a sociedade", lê-se no
texto.
ISG
// ARA
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