Nos
primeiros 12 meses no cargo, premiê reduziu impostos, dedicou mais verbas à
infraestrutura e fechou acordos com potências econômicas. Para muitos, porém,
ele ainda está longe de cumprir as promessas que fez.
As
expectativas eram enormes quando Narendra Modi foi eleito primeiro-ministro da
Índia, há um ano. Impulsionado pelo boom econômico no estado de Gujarat, o qual
governou por mais de uma década, ele e seu partido, o nacionalista hindu
Bharatiya Janata, venceram as eleições de 2014 e receberam a missão de salvar a
economia indiana em crise.
Um
ano depois, analistas dão uma nota mediana para seu governo. Embora a maioria
concorde que seu desempenho foi melhor do que o de seu antecessor, muitos se
queixam de que ele ficou muito longe de cumprir a promessa de dar novo gás à
economia.
Um
mérito de Modi é que ele tentou alinhar a política econômica indiana à
iniciativa privada. O primeiro Orçamento completo do governo, o de fevereiro,
prevê mais gastos em infraestrutura, um sistema de bem-estar social ampliado e
uma inédita redução do imposto nacional sobre vendas em 25% nos próximos quatro
anos. Economistas comemoram as medidas como passos na direção certa.
Foram
aprovadas leis que permitem ao governo leiloar licenças de mineração, o que
abriu caminho para um setor mais eficiente e liberalizado. Também devido a
muitas outras medidas favoráveis à indústria, o PIB pode vir a crescer no
próximo ano fiscal até 8,5% – e fazer da Índia a economia de crescimento mais
rápido no mundo, enquanto a China se desacelera.
Da
perspectiva da indústria e dos mercados, mais poderia ter sido feito. Mas, no
geral, os líderes empresariais estão satisfeitos com as medidas do governo
Modi. Uma pesquisa feita pela Forbes India e BMR Advisors indica que, entre os
líderes mais velhos da indústria, a esmagadora maioria acredita que a política
do governo fará a economia crescer.
Agricultores
irritados
Mas
vários obstáculos também impediram as reformas nos últimos meses. Houve
controvérsia sobre as mudanças planejadas na lei de vendas de terrenos,
prevendo facilitar a compra de terras por indústrias. Sobretudo agricultores e
a oposição se uniram para impedir os planos.
O
analista Milan Vaishnav, do Carnegie Endowment for International Peace, lembra
que, embora o BJP jamais tenha governado tantos estados, a maioria das regiões
ainda está nas mãos do partido do Congresso Nacional Indiano (INC) ou de
legendas políticas locais. Outro problema, segundo ele, está na centralização
excessiva do poder pelo primeiro-ministro.
"Isso
irritou muitos ministérios e impediu, por consequência, a cooperação. Embora o
governo tivesse o mandato exclusivo para reformar a economia indiana, ele só
agiu de forma muito lenta e gradual", ressalta Vaishnav. "Os
resultados após um ano mostram que Modi não fez justiça, nem de longe, às
expectativas geradas por sua campanha eleitoral ou por sua retórica
patética."
Viajando
pelo mundo
Internacionalmente,
entretanto, a situação é um pouco diferente. Nessa área, Modi tem se
concentrado no fortalecimento das relações diplomáticas da Índia, em
impulsionar o comércio e aumentar o investimento estrangeiro. No seu primeiro
ano de mandato, ele visitou 19 países.
"Modi
fez um grande trabalho ao representar a Índia como país de crescimento forte e
dinâmico", frisa Rajiv Biswas, economista-chefe para a região
Ásia-Pacífico da empresa de análises IHS. "Suas viagens para potências
econômicas, como EUA, China, Japão e Alemanha, foram muito bem sucedidas",
avalia Biswas. "Ele se reuniu com autoridades governamentais e com
lideranças empresariais, sempre acompanhado por uma grande delegação
empresarial indiana."
E
os resultados aparecem. Vários acordos comerciais e de investimento foram
assinados recentemente durante a visita de Modi à China. Contratos e cartas de
intenção no valor de 22 bilhões de dólares foram firmados em Pequim.
"Modi
viajou pelo mundo com muita destreza para sinalizar a governos, investidores e
à própria diáspora indiana que 'a Índia está de volta', novamente pronta a
fazer negócios. Por isso, sua visão de política externa se encaixa com a agenda
econômica do país", diz Vaishnav.
Segundo
Smruti Pattanaik, cientista político do instituto IDSA, de Nova Déli, ao
apresentar o país ao exterior como uma potência industrial, o premiê espera
atrair investimentos estrangeiros, facilitar a transferência de tecnologias e a
criação de empregos no país.
"No
coração dessa política está a campanha 'Make in India'", explica
Pattanaik.
A
eficácia da política externa de Modi depende, no entanto, da política interna e
da capacidade de seu governo de reformar a economia do país.
"Há
um ditado que diz que a melhor política externa da Índia é criar crescimento
sustentado de 8%'", diz, por sua vez, Vaishnav. "Concordo plenamente.
Isso fará com que investimentos entrem no país, permitindo o crescimento que
Modi prometeu a seus eleitores", conclui o analista.
Deutsche
Welle - Gabriel Dominguez (md)
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