quinta-feira, 28 de maio de 2015

Governo timorense aprova, de urgência, proposta de lei sobre migração e asilo


Díli, 27 mai (Lusa) - O Governo timorense aprovou uma reforma de lei sobre migração e asilo, que, entre outras medidas, introduz novos vistos para dependentes e para negócios, atua contra casamentos de conveniência e pretende consolidar políticas públicas nesta área.

Aprovada em Conselho de Ministros na terça-feira, segundo informou hoje o executivo, o diploma vai ser remetido para o Parlamento Nacional "com pedido de prioridade e urgência".

O texto surge numa altura de preocupações na região sobre milhares de imigrantes, maioritariamente da etnia Rohingya e do Bangladesh, em embarcações à deriva no sudeste asiático.

O ex-presidente da República timorense, José Ramos-Horta escreveu aos atuais chefes de Estado e de Governo a defender que Timor-Leste deveria acolher até mil refugiados da minoria étnica 'Rohingya', ideia rejeitada por vários setores da sociedade timorense.

Pretende-se ainda responder a alguns dos assuntos mais prementes que afetam a circulação de pessoas em Timor-Leste, que, como explica o Governo em comunicado, "devido à sua localização geográfica e crescente desenvolvimento económico, tem vindo a assumir cada vez mais a natureza de país de acolhimento, sendo, por isso, essencial o desenvolvimento e consolidação de políticas públicas no âmbito da migração".

Trata-se, segundo o Governo, de "regular as condições e procedimentos de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros e apátridas de território nacional bem como as condições de entrada e saída de nacionais, sem prejuízo para os regimes especiais previstos em tratados, convenções internacionais ou protocolos de que o país é parte ou que venha a assinar".

No texto, que revoga a lei 9/2003 inclui-se, entre outros aspetos, a melhoria das definições para auxiliar a interpretação e aplicação da lei, a reformulação do conceito de autorização de estada especial, "tornando mais claro qual é o leque de estrangeiros que podem beneficiar deste regime de permanência".

Redefine-se ainda o leque de vistos que podem ser concedidos por Timor-Leste, incluindo pela introdução do visto de cortesia, do visto de negócios e do visto de estada temporária para dependentes; criando ainda "regras mais claras para a prorrogação de vistos e para a obtenção de autorização de residência".

No diploma clarifica-se ainda o procedimento para obtenção de asilo, o aumento dos valores das taxas e coimas e a criminalização da violação da medida de interdição de entrada e do casamento por conveniência.

Na sua primeira entrevista, em março, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hernâni Coelho disse à Lusa que o Governo estava a definir soluções para problemas que se sentem atualmente no que toca ao sistema de atribuição de vistos de residência e de trabalho, especialmente a familiares, que têm que sair do país cada três meses para poderem renovar os vistos.

Dias depois, no Parlamento Nacional, o ministro do Interior, Longuinhos Monteiro, disse que as autoridades de imigração timorenses registaram, em inspeções levadas a cabo em fevereiro e março, 4.786 violações de vistos por trabalhadores que não estavam com o documento adequado no país.

"Esta questão afeta tudo, não apenas o fluxo de pessoas mas também os rendimentos para o Estado", disse, explicando que o Governo está em contacto com as embaixadas da China e da Indonésia já que a maioria das violações é de cidadãos oriundos desse país.

Monteiro explicou que quase um terço dos turistas que chegaram ao país neste período pediu, posteriormente, a alteração do seu visto para trabalhar.

Estão atualmente à espera de resposta - por falta de quadro jurídico adequado - 12.637 pedidos de residência permanente, dos quais 3.923 apresentados este ano.

ASP // APN

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