Díli,
05 mai (Lusa) - Deputados timorenses destacaram hoje a importância do português
para Timor-Leste, defendendo no plenário do Parlamento Nacional mais esforços
do Governo para apoiar a geração de jovens que viveu sob ocupação indonésia.
Eládio
Antonío de Jesus, um jovem deputado da Fretilin, recordou o papel da língua
portuguesa na luta contra a ocupação indonésia e o papel que pode ter para
ajudar Timor-Leste "a ser intermediário entre a CPLP e a região da Ásia e
Pacífico".
Por
isso, disse, e tendo em conta as dificuldades que muitos jovens sentem com o
português - especialmente "os que viveram e aprenderam nos 24 anos de
ocupação indonésia" - pediu "mais apoios para aprender"
português.
"Peço,
por isso, mais apoio, fornecendo livros para os timorenses, para dar um
enriquecimento sobre a língua portuguesa, que também é a nossa língua",
disse.
Mais
crítica foi Ilda Maria Conceição (FRETILIN), que lamentou o facto de não haver
suficientes cursos, por todo o país, quer em tétum quer em português, as duas
línguas oficiais.
"Porque
é que a educação não dá cursos em distritos ou subdistritos para desenvolver a
nossa língua. Mas depois termos cursos de inglês em todas as partes, até nos
subdistritos. O Ministério da Educação deve criar cursos em todos os distritos
para poder desenvolver as nossas línguas oficiais", afirmou.
Jorge
Teme, da Frente Mudança, foi um dos deputados que aproveitou a sessão plenária
em português para destacar a importância da aprendizagem da língua em
Timor-Leste, saudando a presença no Parlamento Nacional de alunos timorenses e
do embaixador de Portugal em Díli, Manuel Gonçalves de Jesus.
Antonio
Ximenes Serpa (CNRT) disse sentir "muita alegria ao ver muita gente no
plenário para ouvir a sessão em língua portuguesa" e "alguma
tristeza" por ele próprio não falar muito bem português.
"A
língua portuguesa é a língua oficial timorense e por isso temos que falar
melhor português. Quero recomendar à SE Assuntos Parlamentares que faça chegar
ao Ministério da Educação um apelo para dar muita atenção à melhoria da
capacidade dos professores timorenses na língua portuguesa para que possam
ensinar como deve ser aos alunos", afirmou.
Francisco
Branco (Fretilin) recordou a importância "da identidade de um povo" e
que há 500 anos, em Lifau (Oe-cusse) se fundiram duas civilizações "a
portuguesa cristã e a animista lulik" de Timor.
"Essa
fusão gerou uma identidade única nesta zona geográfica do mundo. A fusão dessas
duas culturas constituiu uma força de resistência à invasão militar indonésia
durante 24 anos. Uma força de identidade", afirmou.
"Há
500 anos que nos encontrámos. Se, por acaso, os missionários portugueses não
pisassem os solos de Timor, o que seria hoje de Timor-Leste? Seria uma
continuação da indonésia", disse.
Por
essa fusão, disse, Timor-Leste pode hoje "estar orgulhoso" de ser um
país soberano "porque é diferente de todos os povos desta região".
"A
língua portuguesa é a nossa língua, a língua que falam os brasileiros falam, os
angolanos, os moçambicanos, os guineenses, os cabo-verdianos, os são-tomenses.
É a língua de todos nós, com identidades diferentes", afirmou.
Por
isso pediu "reflexão" e "uma política mais séria para introdução
da língua portuguesa, como língua oficial", rejeitando o uso das línguas
maternas no processo de aprendizagem porque "discriminam" os cidadãos
de algumas zonas face aos estudantes de Díli que aprendem, primeiro, tétum e
português.
A
sessão plenária de hoje, que coincide com o Dia da Língua Portuguesa,
integra-se na Semana da Língua Portuguesa que decorre até sexta-feira no
Parlamento Nacional de Timor-Leste, com exposições, debates e a apresentação de
documentários.
ASP
// DM
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