Díli,
06 mai (Lusa) - O primeiro-ministro timorense afirmou hoje que são precisos
mais meios, incluindo com o apoio de parceiros da CPLP, para colocar
professores que ensinem português e em português em todas as escolas do país.
"Lanço
este desafio. Vamos todos apoiar esta ideia: Vamos todos dotar o Ministério da
Educação de meios para poder ter professores em todas as escolas de Timor-Leste
para ensinar português e em português", afirmou Rui Maria Araújo.
"Temos
que ser realistas. Não temos professores suficientes para ensinar o português
em todo o território de Timor-Leste. O aproveitamento escolar de muitos jovens,
de muitas crianças timorenses, tem sido um desastre", apontou.
Intervindo
num colóquio em Díli sobre o tema "CPLP - Uma língua, várias identidades"
- inserido nos eventos da Semana da Língua Portuguesa do Parlamento Nacional -
o chefe de Governo disse que, depois de 12 anos "com o discurso de defesa
do português" é necessário "fazer mais alguma coisa de
concreto".
"Aqui
não é uma questão de opção da língua como parte da nossa identidade, é uma
questão de ver a forma mais eficaz, eficiente para implementar este compromisso
histórico, implementar um ponto importante da nossa identidade", afirmou.
Pedindo
realismo no debate, Rui Araújo disse que as dificuldades do sistema educativo e
o mau aproveitamento dos alunos levaram alguns especialistas da didática e
metodologia de ensino a avançarem com a ideia, "muito infeliz para alguns,
defensável para outros", de utilizar a língua materna para
"intensificar o ensino e a aprendizagem".
Mas
insistiu que o maior problema continua a ser a falta de recursos humanos.
"A
única forma é colocar todo o país com professores de língua portuguesa para
ensinar em todas as escolas. É a única forma de o fazer", disse.
"Temos
que investir mais na formação de professores, trazendo professores de língua
portuguesa dos nossos países irmãos da CPLP para nos ajudarem a fazer
isso", defendeu, afirmando que sem isso os debates tornam-se "fúteis
e estéreis".
Mais
do que ensinar a língua portuguesa, disse, é vital que se aposte também no
ensino em português, em áreas como as ciências, ajudando os jovens a
"raciocinar em português".
Paralelamente,
considerou, é vital apostar no ensino do português na função pública onde há
hoje mais documentos, mais despachos e todo um quadro legal e regulamentar em
português mas onde a compreensão dos funcionários ainda é limitada.
"Assim
como acontece na área da educação, na área da administração pública temos casos
caricatos, despachos escritos em português que não são bem entendidos e acabam
por ser implementados de outra forma", observou.
Paralelamente,
disse, é necessário trabalhar mais ao nível dos órgãos de comunicação social
onde o uso do português é praticamente inexistente.
ASP
// DM
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