Díli,
06 mai (Lusa) - A expansão da língua portuguesa em Timor-Leste exige uma
campanha de alfabetização em larga escala, para jovens e adultos, com o reforço
da formação de professores, disse hoje o presidente em exercício do parlamento
timorense.
"A
expansão da língua portuguesa na nação timorense tem que sair do discurso. É
altura de se pensar num programa de alfabetização, não só para os jovens, mas
para os adultos timorenses", afirmou Adérito Hugo da Costa, vincando que
"as medidas que façam parte de uma política da língua têm de incluir a
alfabetização em larga escala, a melhoria do ensino no nível do básico, com a
qualificação dos professores em língua portuguesa e o incentivo a publicações
didáticas adequadas".
Adérito
Hugo da Costa falava num colóquio em Díli subordinado ao tema "Uma língua
- Várias identidades", inserido nos eventos da Semana da Língua Portuguesa
do Parlamento Nacional e em que participaram vários membros do Governo - ainda
que nenhum do Ministério da Educação -, deputados, diplomatas e outros
convidados.
Na
sua intervenção, Adérito da Costa considerou que, desde a independência, tem
havido em Timor-Leste "uma ausência de estratégia no ensino e disseminação
da língua portuguesa", sendo "necessária e urgente" uma
"campanha de consciencialização nacional" para lhe dar prioridade
"nos jornais locais, televisão, nas repartições públicas e principalmente
nas universidades e nas escolas".
A
formação de professores, inicial e continuada, "deve igualmente insistir
neste aspeto, permitindo que a língua portuguesa seja, cada vez um fator de
oportunidade, de transformação, de identidade, de cidadania e prática
social", reforçou.
"Temos
ainda um longo caminho a percorrer para podermos falar da identidade timorense
da língua portuguesa. O português em Timor há de de ter a sua identidade. Será,
a cada dia que passa, uma língua em construção (...) com a nossa identidade, a
nossa forma de sentir", afirmou.
Adérito
Hugo Da Costa sublinhou que "para os jovens educados no tempo indonésio -
grupo de que ele próprio faz parte - é essencial investir para fortalecer as
suas capacidades em português", reconhecendo que "a língua portuguesa
ganhou, perante os timorenses, distinção de resistência, de elemento de
identidade".
"O
português foi a primeira língua pela qual os timorenses aprenderam a ler e a
escrever. Os primeiros encontros entre nós e os portugueses marcaram para
sempre a nossa identidade histórica, cultural e linguística que nos distinguiu
e distingue das milhares de ilhas ao nosso redor", afirmou.
Adérito
Hugo da Costa recordou que, nos últimos anos, muito se tem escrito e debatido
em Timor-Leste sobre o tema da língua, tendo chegado a hora de "passar dos
discursos às ações concretas".
"Devemos
isso à geração dos que lutaram e morreram pela libertação de Timor-Leste.
Devemos isso aos nossos filhos e aos nossos netos. Temos a responsabilidade
histórica de não perpetuar a condição de 'gerações - vítimas'", concluiu.
ASP
// ARA
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