sexta-feira, 17 de outubro de 2008

FOME EM TIMOR, QUEM DIRIA


Timor-Leste anda hoje nas bocas do mundo, segundo afirmava Xanana Gusmão aos jornalistas. Disse-o a propósito do convite formulado ao engenheiro Mário Carrascalão, presidente do PSD de Timor, para ingressar no seu governo no cargo de ministro-adjunto do primeiro-ministro, ou vice-ministro, como lhes chamam. Pois se por isso Timor anda nas bocas do mundo é muito bom, é por razões positivas. Peca por ser tardia a decisão.

O engenheiro Mário Carrascalão é um insigne cidadão timorense que se infiltrou no sistema político indonésio com o fito de fazer o melhor possível pela salvaguarda dos timorenses, ou evitar o pior. Conseguiu ao longo de imensos anos cumprir o que se propôs. É um inteligentíssimo animal político que faz imensa falta a Timor-Leste.

Sabendo ou não sabendo, Xanana Gusmão teve muitíssima pontaria quando disse aos jornalistas que Timor, ou a nomeação de Mário Carrascalão, andava na boca do mundo. Era verdade que por isso mas também pelo pior: há fome em Timor-Leste. Mais de metade das crianças timorenses sofrem-na. Sofrem de subnutrição. Esta é uma péssima notícia. Tão péssima que veio dar razão aos que insistentemente afirmam que Timor-Leste vai mal com este governo da AMP. Pelo menos os indicadores credíveis assim nos revelam.

Uma ONG australiana, a Oxfam, afirma que a “fome crónica afecta mais de metade das crianças timorenses com idade inferior a 5 anos, alertou o director da plataforma de organizações humanitárias” e que “70% das famílias timorenses não têm alimentos para o dia-a-dia”.

Dito isto, resta perguntar a Xanana Gusmão e aos seus ministros das pastas correspondentes à triste realidade o que têm andado a fazer? Deve-se ainda perguntar à igreja católica de Timor porque razão não foi ela que denunciou os factos, pela simples razão de cobrir todo o território timorense e por, mais que as ONGs, ser uma autoridade do conhecimento da realidade timorense.

Parece evidente que a fiabilidade das informações avançadas a partir de agora pela Igreja timorense perderam o habitual crédito. Verifica-se que silenciou a fome crescente por simpatias com o actual governo. Esta atitude foi até hoje a decisão mais inadmissível daquela Igreja. Inacreditável.

Já se diz que o Governo se governa, em vez de governar Timor, assim parece. Pois se assim é resta à ONU e aos países doadores saber responsabilizar o actual governo pelo fracasso das suas políticas e deixar bem claro que não pertence novamente à comunidade internacional estar a reeditar programas de ajuda a um país que manuseia muitos milhões de dólares que parecem estar a cair em saco roto. Algo vai mal no reino do senhor Xanana Gusmão. Resta-lhe dar os sinais de seriedade que se impõem e proteger os timorenses mais carentes, mais esfomeados.