domingo, 9 de outubro de 2016

Eu sou meio vizinho da China -- António Costa, PM de Portugal


Pequim, China, 09 out (Lusa) - O primeiro-ministro definiu-se hoje como "meio vizinho da China", numa alusão às origens indianas do seu pai e num discurso em que salientou os caracteres pluricontinental do português e multilateral inerente à história da diplomacia nacional.

António Costa respondia a questões formuladas por estudantes da Universidade de Tsinghua, uma das mais prestigiadas da China e que está situada na zona norte de Pequim, depois de ter feito um discurso inicial em que citou escritores como Fernando Pessoa, Luís de Camões, Vergílio Ferreira e José Saramago para defender a tese da universalidade da língua portuguesa.

Na sua última resposta a perguntas da plateia, perante um anfiteatro cheio de alunos e professores chineses, o líder do executivo português falou sobre o caráter pluricontinental da língua portuguesa e também sobre a capacidade de os portugueses, enquanto povo, "saberem compreender o outro, quer para acolhimento, quer para a sua própria integração".

"Posso aliás dar o meu exemplo, porque sou o primeiro primeiro-ministro de um país da União Europeia que tem origem extra europeia, visto que o meu pai era de origem indiana, um país vizinho da China", declarou António Costa.

Poucos segundos depois, a seguir à tradução chinesa das suas palavras, o primeiro-ministro concluiu a sua ideia: "Portanto, eu sou meio vizinho da China", disse, provocando risos na plateia e, em seguida, algumas gargalhadas.

No período de respostas a perguntas, o primeiro-ministro referiu-se à recente eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas como sendo um símbolo da capacidade dos portugueses "em unir os povos".

Perante estudantes de língua portuguesa, António Costa defendeu que a diplomacia portuguesa tem uma tradição de "multilateralismo", que está assente numa língua portuguesa falada em quatro diferentes continentes.

Neste contexto, o primeiro-ministro referiu que da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) faz parte "a maior economia da América do Sul, o Brasil", e que entre os seus Estados-membros estão também as nações africanas que "registam maior crescimento económico".

António Costa referiu-se ainda ao papel de Macau como "plataforma" para a aproximação da China aos países lusófonos e à presença de Timor-Leste no sudoeste asiático.

Ou seja, segundo o primeiro-ministro, saber português "é ter acesso a um mercado de 250 milhões de habitantes" e compreender "a quinta língua mais falada na Internet".

Na China continental frequentam a licenciatura de português quase 1600 alunos, sendo ensinada em 22 universidades - isto, quando, até 2003, só havia três.

PMF (JOYP)//GC

PM pede a jovens que sejam "agentes de mudança" com ações consciente


O primeiro-ministro Rui Maria de Araújo, apelou ontem à geração mais jovem de Timor-Leste para que seja agente de mudança, participando ativamente no processo tão necessário de desenvolvimento do país, independente há 15 anos.

"Faço aqui um apelo aos nossos jovens, como agentes de mudança, como futuros líderes do nosso país, que participem no desenvolvimento nacional, que se expressem em atitudes e comportamentos conscientes que marquem pela diferença positiva a sociedade e o país", disse Rui Maria de Araújo.

O chefe do Governo falava numa conferência em Díli que assinala o 20.º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Paz aos timorenses José Ramos-Horta e Ximenes Belo, que se comemora no próximo dia 11 de outubro.

A conferência, e vários eventos marcados para o fim de semana, contam com a presença de vários galardoados com o prémio Nobel, incluindo, entre outros, Brian Schmidt, Nobel da Física 2011, Finn Erling Kydland, Nobel da Economia 2004, Muhammad Yunus, Nobel da Paz 2006 e Richard John Roberts, Nobel da Medicina 1993.

Nos dois dias de conferências participam ainda Adama Dieng, conselheiro Especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Prevenção do Genocídio, Gunnar Johan Stålsett, bispo Luterano Emérito de Oslo, na Noruega, e o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano.

Sob o tema "Cidadania, Paz e Bem-Estar", a conferência assinala um dos momentos mais importantes para a luta pela libertação de Timor-Leste quando, em a 11 de outubro de 1996, o Comité Nobel anunciou a atribuição do Nobel da Paz aos dois timorenses.

"Ter dois irmãos, dois filhos da nossa terra, galardoados com o Prémio Nobel da Paz, foi para nós duplo motivo de orgulho e de esperança. Estes nossos dois irmãos foram incansáveis na procura de um desfecho justo e pacífico que pusesse fim ao conflito que vivíamos", recordou Rui Araújo.

O chefe do Governo homenageou Ximenes Belo, que não pode viajar a Timor-Leste por questões de saúde, recordando o seu papel como "acérrimo defensor" dos direitos inalienáveis do povo timorense, dos direitos humanos, da liberdade e "de valores como a solidariedade e a resolução de conflitos pela via do diálogo".

"Nunca recuou perante estes princípios em que acreditava, nem mesmo quando isso pôs, por diversas vezes, em causa a sua própria vida", disse.

Ramos-Horta, por seu lado, deu a conhecer ao mundo "as atrocidades que estavam a ser cometidas" em Timor-Leste, sendo "implacável na defesa do direito à autodeterminação", permitindo que a voz e a causa timorense tivessem eco na comunidade internacional.

Perante a plateia de vários Prémio Nobel, o primeiro-ministro recordou os passos dados por Timor-Leste desde a restauração da independência, em 2002, e o esforço que continua para "consolidação e fortalecimento" do país mas " também para o desenvolvimento económico inclusivo, incluindo meios de vida sustentáveis, emprego e gestão eficaz dos recursos naturais, que revertem para a melhoria das condições de vida da população".

"O desrespeito pelos direitos fundamentais, a pobreza extrema, a discriminação, intolerância e exclusão social são focos de instabilidade e podem pôr em causa a segurança, a estabilidade e a paz", disse.

"Por isso, é preciso continuar a proporcionar ao povo um melhor acesso à educação e formação, à justiça e aos serviços de saúde, criar condições que potenciem o crescimento e desenvolvimento económico, que se reflita no aumento da criação de postos de trabalho e se traduza no aumento do poder económico e do bem-estar das famílias", afirmou.

O governante referiu-se aos progressos conseguidos nos últimos anos, com estudos recentes "em áreas como o crescimento económico, a saúde e a pobreza" a revelarem "um melhor posicionamento de Timor-Leste, quer a nível nacional como internacional". 

Lusa, em SAPO TL

Fretilin congratula Guterres por eleição, considerando-a "vitória da CPLP"


Díli, 09 out (Lusa) - O segundo partido timorense, a Fretilin, congratulou hoje António Guterres pela sua eleição para secretário-geral da ONU, considerando numa resolução aprovada no seu congresso nacional que representa uma "vitória da CPLP".

"O IV Congresso Nacional da Fretilin, reunido de 7-9 de outubro de 2016, congratula o senhor Engº António Guterres pela sua eleição para as funções de secretário-geral das Nações Unidas e endereça os votos de sucesso em prol do bem da comunidade internacional", refere o texto da resolução.

A resolução, uma de 12 já aprovadas no congresso que termina hoje, sublinha que a eleição do ex-primeiro-ministro português "é uma vitória da CPLP", notando ainda que António Guterres "é amigo do povo de Timor-Leste e foi sempre um apoio firme a luta de libertação nacional".

Recorde-se que o Conselho de Segurança da ONU escolheu na quinta-feira por unanimidade e aclamação o antigo primeiro-ministro português como secretário-geral da organização, decisão que deverá ser ratificada na próxima semana pela Assembleia Geral da organização.

ASP//GC

Resoluções do Congresso da Fretilin ainda sem referências a eleições de 2017


Díli, 09 out (Lusa) - O IV Congresso Nacional da Fretilin que hoje termina em Díli, já aprovou 12 resoluções sem que qualquer delas faça referência às eleições presidenciais e legislativas de 2017 ou ao programa político do partido.

As 12 resoluções foram aprovadas depois de dois dias e meios de longos debates, sendo dominadas por referências à organização interna do partido e por saudações à reeleição e á ação dos seus principais líderes, Francisco Guterres (Lu-Olo) e Mari Alkatiri.

Para já, e quando faltam poucas horas para o encerramento do congresso, não foi ainda aprovado qualquer texto sobre os votos do próximo ano, incluindo sobre se será o não formalizada a candidatura de Lu-Olo às eleições presidenciais.

Em termos eleitorais a única referência é um testo de "apelo às estruturas de base" para que se coordenem e ajustem na apresentação de candidatos a chefes e conselhos de suco", processo que decorre este mês em Timor-Leste.

Do leque de resoluções aprovadas contam-se duas de cariz internacional, nomeadamente uma de saudação à eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU e outra sobre a "situação internacional".

O texto condena "todos os atos de violência e formas de discriminação económica, social, política e religiosa em qualquer ponto do mundo, não compactuando com nenhum ato desse género".

Em concreto, condena "todas as ações bombistas e a continuação da violência extremista na Síria e no Médio Oriente ou outros atos repugnantes que vão contra o estabelecido quer a nível internacional quer a nível nacional".

O texto reafirma ainda "que os princípios e valores da Fretilin vão contra todas as formas de discriminação económica, social, política e religiosa e a utilização do terrorismo como meio para atingir os objetivos propostos pelos determinados grupos de interesse económico, social, político e religioso".

De destacar entre os textos aprovados a decisão do partido criar uma "Comissão Nacional de Recomposição da História da Fretilin", para "traduzir em letras para a memória futura" todos os "acontecimentos históricos" do partido.

Entre as outras resoluções aprovadas no congresso que começou na sexta-feira contam-se uma de congratulação pela participação dos militantes no partido na recente eleição direta para a liderança da Fretilin, voto que confirmou Francisco Guterres (Lu-Olo) como presidente e Mari Alkatiri como secretário-geral, com mais de 93% de apoio.

Os dois líderes são congratulados noutra das 12 resoluções, pela sua "firmeza nos princípios, sentido de responsabilidade, espírito de abnegação e capacidade de liderança" e cuja reeleição foi "uma manifestação de confiança dos quadros e militantes".

Outro dos textos reconhece e saúda as estruturas internas, com destaque para a Comissão Nacional de Preparação e Organização (CNPO/KNPO) e um outro aprova o símbolo, a marcha e o estandarte da Juventude da Fretilin.

O partido reconhece ainda o papel de Mari Alkatiri como responsável da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse, que considera "de importância fulcral para o desenvolvimento" da região e do país.

A resolução sublinha ainda o apoio a Alkatiri para "a implementação de projetos similares noutras regiões do país".

No caso de Lu-Olo, uma outra resolução congratula o seu papel enquanto presidente da Comissão Organizadora da X Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que marcou o arranque em 2014 da presidência timorense da organização que em novembro passa para o Brasil.

Para a Fretilin a CPLP tem "importância estratégica para a junção dos vários países pertencentes à comunidade e para a afirmação da língua".

ASP //GC