sexta-feira, 17 de maio de 2019

Campanha eleitoral na Austrália entra na reta final com Trabalhistas a liderar


Camberra, 16 mai 2019 (Lusa) -- Os líderes partidários australianos estão hoje envolvidos nas últimas grandes ações de campanha, na reta final das eleições legislativas de sábado, cujo resultado final pode demorar mais a conhecer devido ao largo número de votos postais.

Bill Shorten, líder do Partido Trabalhista Australiano (ALP) - que as sondagens apontam com próximo primeiro-ministro --, e Scott Morrison, o líder dos liberais e atual primeiro-ministro, fazem hoje os últimos grandes discursos da campanha.

Shorten tem tentado consolidar a opinião de que, depois de sucessivas crises políticas, é chegada a altura de mudança.

O candidato escolheu o Bowman Hall, no subúrbio de Blacktown, nos arredores de Sydney, para o seu último grande discurso, fazendo recordar o discurso de 1972 de um dos maiores líderes dos trabalhistas, Gough Whitlam, que dias depois se tornou no primeiro chefe do Governo do seu partido em 23 anos.

Do outro lado, Morrison insiste na mensagem de que esta não é a altura de mudar o Governo, sendo essencial consolidar a agenda económica da coligação conservadora.

A imprensa australiana dá conta de que, nas principais sondagens, os trabalhistas mantêm uma liderança que lhes deverá garantir a vitória no sábado, com sinais até de alguma tensão no seio da coligação do Governo.

Questões como a economia e o clima, que têm dominado os debates, podem acabar por ser decisivas para o eleitorado, com sondagens a mostrarem que a maioria dos eleitores não concorda com as posturas adotadas nestes grandes temas pelo executivo.

Os mais de 16 milhões de eleitores terão 7.000 locais de voto para eleger os membros do 46.º Parlamento e o sucessor do Governo minoritário da coligação de direita entre os Liberais e os Nacionais, liderado por Scott Morrison -- que assumiu o cargo depois de um desafio interno à liderança do seu antecessor, Malcolm Turnbull.

Além da coligação, vão a votos o Partido Trabalhista Australiano (ALP), de centro-esquerda, liderado por Bill Shorten, os Verdes, a Centre Aliance, o Katter's Australian Parti e a One Nation, entre outros.

Estão registados um total de 1.514 candidatos, dos quais 1.056 para a Câmara de Representantes e 458 para o Senado.

Em 2016, nas anteriores eleições, o resultado foi tão próximo -- o mais renhido desde 1961 - que o então primeiro-ministro, Malcolm Turnbull, só conseguiu assegurar a governação oito dias depois, com apoio de independentes.

A barreira de maioria é de 77 mandatos, sendo que a eleição poderá ser decidida numa mão-cheia de locais onde alguns importantes líderes nacionais estão em risco de perder o seu mandato.

As urnas abrem, tendo em conta os diferentes fusos horários, às 08:00 e fecham às 18:00.

ASP // ROC | Foto: Bill Shorten. EFE/ Lukas Coch

Dezenas detidos na Indonésia por atentados em anúncio do resultado das eleições


Jacarta, 17 mai 2019 (Lusa) -- A polícia indonésia anunciou hoje que deteve várias dezenas de pessoas suspeitas de estarem ligadas à organização 'jihadista' Estado Islâmico, algumas das quais estariam a preparar atentados para quando forem anunciados os resultados das eleições, na próxima semana.

"Só este mês já detivemos 29 suspeitos" no curso de operações preventivas, antes do anúncio oficial dos resultados das eleições, marcado para quarta-feira, afirmou um porta-voz da polícia nacional, Muhammad Iqbal, em conferência de imprensa.

Desde o início do ano, foram detidas 60 pessoas em operações antiterrorismo em todo o arquipélago.

Oito suspeitos foram mortos nos confrontos com as forças de segurança, acrescentou, incluindo a mulher de um extremista que se explodiu com um de seus filhos durante o cerco a uma casa, em março.

As autoridades estão preocupadas com o risco de manifestações, já que o ex-general Prabowo Subianto, adversário do ainda Presidente, Joko Widodo, avisou que fará os seus apoiantes sair às ruas caso considere que houve fraude.

Prabowo Subianto disse que não reconhecia a validade dos resultados parciais, que dão um avanço de 12 pontos percentuais ao Presidente atual no escrutínio realizado a 17 de abril.

De acordo com o porta-voz da polícia, os militantes detidos queriam aproveitar as manifestações para "atacar a multidão e a polícia".

"Pedimos ao público que não vá para as ruas a 22 de maio já que isso se pode tornar perigoso", advertiu o porta-voz da polícia.

Cerca de 32 mil membros das forças de ordem deverão ser destacados para a capital de Jacarta na quarta-feira, nomeadamente para a zona da comissão eleitoral, onde será feito o anúncio dos resultados.

Prabowo Subianto criticou a comissão, considerando-a responsável pelas alegadas fraudes eleitorais. O órgão de supervisão do escrutínio admitiu irregularidades, mas sublinhou que não foram dadas quaisquer vantagens a nenhum dos candidatos.

Segundo a polícia, alguns dos suspeitos de terrorismo detidos fabricaram explosivos e combateram ao lado do grupo 'jihadista' Estado Islâmico na Síria, enquanto outros eram membros da rede radical indonésia Jemaah Anshurat Daulah (JAD), acrescentou o porta-voz.

A JAD é fiel ao grupo extremista Estado Islâmico e é vista como responsável da série de atentados-suicidas de há um ano sobre igrejas e um posto da polícia da cidade de Surabaya.

A Indonésia, o país muçulmano mais povoado do mundo, confronta-se, há muito tempo, com um movimento islâmico extremista.
Os atentados de Bali, em 2002, que fizeram 202 mortos, muitos dos quais estrangeiros, foram os mais mortíferos.

PMC // ANP