sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ 2011, TIMOR LESTE

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Mais um ano que passou. Timor Leste perfez em 2010 os oito anos de independência declarada e globalmente reconhecida. Apesar de todas as vicissitudes o saldo é positivo, o algoz indonésio já faz parte do passado. Esse ceifou a vida a mais de 200 mil timorenses. Fala-se em 300 mil e é muito provável que seja o número mais exato.

Outros algozes tomaram o seu lugar mas sem a relevância do anterior. Após a independência, em 2002, algumas centenas de timorenses já encontraram a morte por desavenças, principalmente quando ocorreu o golpe de estado fomentado por Xanana Gusmão, pela Austrália, pelos EUA e por todos aqueles que hoje estão de posse dos poderes político-económico-financeiro e religioso do país.

Nos dias que correm o anjo da morte dos timorenses parecem ser as estradas e as doenças naturais, a fome e carências de acesso a cuidaddos médicos eficientes. Neste último ano, tomado por exemplo, registaram-se dezenas de mortes nas estradas. Estradas, chamadas assim com boa vontade, que o governo de Gusmão promete desde 2007 reparar convenientemente mas que nada faz nesse sentido, limitando-se a fazer que faz e a dar sumiço às verbas que para isso o orçamento destina. Neste aspeto o anjo da morte dos timorenses tem por aliado aquele que chefia o governo AMP, Xanana Gusmão. Também nas causas de morte de doenças naturais o governo deve assumir as suas responsabilidades e aliança com o dito negro e indesejado anjo. São imensos os timorenses que morrem por falta de cuidados de saúde.

Seria compreensivel que tal ocorresse num país onde víssemos que as causas do descalabro fossem a falta de recursos. Não é esse o caso de Timor Leste. Timor Leste é um país rico, com tudo ao seu dispor para ter proprocionado ao seu povo na atualidade muito melhores condições de saúde. Não só pelo facto de ser rico mas também por desde sempre, após a saída dos invasores indonésios, receber bastantes milhões para o setor da saúde, equipamentos e ajudas de todo o cariz da comunidade internacional. Acresce ainda o apoio internacional que tem sido dado de modo irrepreensivel pelos médicos cubanos muito para além das suas possibilidades e competências. E é o que mais tem reduzido a mortalidade no país. Mas nem assim a mortalidade timorense desceu para números que justifiquem o esforço internacional e muito menos que se tenha visto capacidades dos detentores da pasta ministerial da saúde para levar a cabo o correspondente ao que alegadamente tem sido investido. Sabe-se de equipamentos em hospitais que estão por usar, apesar de novos, degradando-se ou sendo estragados por curiosos, sem que cumpram as funções para que foram adquiridos ou doados. Entretanto os timorenses vão falecendo por falta de diagnósticos e tratamentos adequados que algumas vezes dependem desses equipamentos.

Mas Timor Leste e os timorenses estão muito melhor que antes. De ano para ano constatamos exatamente isso. Na versão do governo, sim. Na versão da comunicação social empenhada em encobrir as faltas do governo Gusmão-AMP. Entre as quais, talvez principalmente, a portuguesa LUSA e atualmente os serviços de notícias SAPO TL.

Não há fome em Timor Leste? Há. Disso se queixam inúmeros responsáveis de aldeias timorenses. A isso se referem as ONG relativamente a crianças em idade escolar. Apesar de tudo os alertas vêm sendo minimamente publicados em alguma da imprensa timorense. Sem encontrar o devido eco na imprensa internacional. Valham os blogues sobre Timor Leste que não se têm poupado a esforços para fazer constar a realidade do país.

O que agora falta em Timor Leste é a decência e a assumpção da capacidade de servir dos seus governantes e do seu presidente da república, em vez de se servirem. Devemos dizer que de ano para ano Timor Leste vai estando melhor? Sim, podemos. Evidentemente que um país que ficou arrasado pelos ocupantes indonésios e pelos traidores assassinos das milícias de timorenses ao seu serviço, um país que tem recebido milhares de milhões de ajudas internacionais, um país que possui milhares de milhões de sua pertença, que vê serem multiplicados todos os anos, só pode e deve apresentar crescimento em tudo que for positivo. É aquilo que acontece. Mas, proporcionalmente, é facto que os milhões investidos nunca refletiram o crescimento devido e correspondente. Sobram entretanto notícias sobre a corrupção, o conluio e nepotismo. Foi voz corrente o “desaparecimento” de milhões à guarda da ministra das finanças, Emília Pires, caso que foi devidamente “abafado”. Vê-se a ostentação de quem tendo por vencimento mensal parcas centenas de dólares constroi casas no valor de 100 mil ou mais dólares, nuns casos sem contar com o recheio que será adquirido posteriormente. Vê-se, por exemplo interessante, familiares de Xanana Gusmão levarem vida de novos ricos “quando ainda há cerca de três ou quatro anos, até menos tempo, andavam sempre na crava e pendurados neste e naquele”, como é afirmado por quem os conhece e sabe de suas situações financeiras anteriores. Mas entretanto foi criada a KKN, a Comissão Anti-Corrupção, do governo… Alegados pequenos corruptos e corruptores já foram detetados no funcionalismo público e não só, mas só pelas bases. Sobre os milhões que desaparecem, sobre os que ostentam viaturas, casas, vestuário, viagens ao estrangeiro, empresas, mas que ainda há bem pouco tempo quase nada tinham não se investiga. Importa para isso ser das relações dos elementos que detêm os poderes políticos-financeiros… ou até espirituais. A criminalização em Timor Leste existe para os estratos sociais mais baixos. A impunidade é o galhardete dos poderosos. Neste aspeto, no setor da justiça, Timor Leste deve estar a par dos tribunais e dos políticos que nos EUA dependiam direta ou indiretamente da Mafia dos Padrinhos em anos idos.

Mesmo assim, em Timor Leste, actualmente, vive-se muito melhor. Há pessoas a viverem muito melhor. Se formos ver são “enteados e afilhados” dos partidos políticos que constituem a AMP. Aí sim, os sinais exteriores de riqueza têm sido deslumbrantes e inexplicáveis à luz de razões legais.

Na capital, em Dili, é onde se vive melhor e onde se vive pior. Melhor, para aqueles que de alguma forma dependem do governo Gusmão-AMP e lhe dão todos os améns e prestam os serviços que lhes forem incumbidos, sujos ou não. Pior, para os que se têm de deslocar até às lixeiras e delas, muitas vezes, colhem restos de alimentos e trastes velhos que outros jogaram fora. Que têm de se prostituir ou roubar. Ou que se limitam a passar por todo o tipo de carências. Só não vê quem não quer.

Mas, em Timor Leste, alegadamente, dito por alguns, vive-se melhor. Pena que a miséria e o abandono a que o interior do país tem estado votado não confirme que assim acontece na realidade. Dili já conta com uma população de mais de um terço da população do país. Está a abarrotar. O êxodo para a capital deve-se à busca de melhores condições de sobrevivência no que julgam ser o El Dorado, a Cidade Prometida, onde correm rios de mel. Depois deperam-se com verdadeiros caudais de uma vida de fel. Com boa vontade, de cerca 400 mil timorenses na capital somente 120 mil têm aquilo a que se possa denominar um emprego e por isso meios mínimos de sobrevivência.

Vem aí 2011 e é previsto que este venha a ser o ano de eleições antecipadas. É o que popularmente é ventilado à boca cheia. Que a UNMIT acabe por também antecipar a sua saída é o esperado. Apetece perguntar o que é que a ONU veio fazer em Timor Leste novamente. Tudo vem demonstrando que a sua principal função foi cumprir a tarefa de entregar o poder a Xanana Gusmão em 2006. Foram disso espelho as manifestações publicas de apoio ao golpe de estado de Xanana Gusmão por parte de Hasegawa, o representante da ONU naquela altura em Timor Leste. Só não viu quem não quis. Ambos, a par, pelas ruas de Dili, vitoriando o presidente golpista, então Xanana Gusmão. Desses incidentes há registo de quase 100 assassinatos. Contabilizem-se também 250 mil refugiados. Milhares de casas e edifícios estatais incendiados e completamente destruídos, etc. Tudo para derrubar o governo legitimo da FRETILIN. Poderá a ONU afirmar que a sua presença em 2006 pacificou as populações e o país. Claro que sim. Mas porque alinhou com Gusmão e com Horta, de contrário nada seria pacificado. Porque quem pôs o país a ferro e fogo foram os já citados e ainda a igreja católica apostólica romana timorense com os egoístas dos bispos à cabeça a pretendendo ilibarem-se das suas responsabilidades, mostrarem-se eminências pardas que não eram metidos nem achados na agitação, mortandade e destruição - o que não foi verdade.

Mas isso aconteceu em 2006. Estamos em 2010. Vem aí 2011. O poder está completamente nas mãos de Xanana Gusmão. Práticamente todos os poderes. O ONU já cumpriu a sua função, a UNMIT pode retirar-se. Pese embora os crimes impunes, os milhões “sem rumo”, a miséria, a fome desesperadamente encapotada…

Feliz 2011, Timor Leste.
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sábado, 25 de dezembro de 2010

NATAL SEM ABRIGO

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Digam então se é esta a noite importante
De que falam os que têm tudo e os que nada têm
Uns para esbanjar com haveres e ares pedantes
Outros despojados de tanto e até sem mãe
E que frio eles passam nas noites ao relento
Deitados nuns cartões com os corpos ao vento
E a fome a apertar
E os pedantes a roubar dizendo que lamentam
E a fome a apertar
Parceira de um frio antigo
Penoso presente de Natal dos Sem Abrigo
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domingo, 21 de novembro de 2010

UE PEDE AO GOVERNO CONTROLE DO CRIME ORGANIZADO

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A União Europeia pediu ao governo timorense que controle melhor o crime organizado; o que o representante da União Europeia não disse foi que o crime organizado está dentro do próprio governo, como é dito pela Fundação Mahein. Não sendo novidade deverá ser útil fazer apelo a memórias que conduzem a conexões há muito encobertas em operações de "lavagem" que não devem ser ignoradas nem prevalecer, sob pena de prolongarem o regime de impunidades.

HÉRCULES MARÇAL, GANGSTER AMIGO
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Não foi por acaso que um dos maiores criminosos timorenses, naturalizado indonésio, referenciado mestre do crime pela polícia indonésia, envolvido na trama contra Alfredo Reinado, foi recebido em Dili com pompa e circunstância, com direito a entrada VIP no aeroporto Nicolau Lobato, conferenciou com Fernando Lasama Araújo, presidente do Parlamento Nacional, e com Xanana Gusmão, primeiro ministro, recebeu por prémio não se sabe bem de quê um terreno em local previligiado de Dili para instalar um "negócio", foi publicamente elogiado e recebeu agradecimentos não se sabe exatamente de quê nem porquê...

Quando vimos acontecer ao mais alto nível o descaramento de receberem criminosos e lhes proporcionarem honras por "grandes feitos", que nem se sabe quais, é mais que legitimo depreendermos que estamos perante representantes do povo timorense, por acaso eleitos, que andam de mãos dadas com o mundo do crime. Daí a surgirem dúvidas sobre a integridade de carater desses políticos não vai distância nenhuma. Os que receberam e recebem (?) assim o criminoso Hércules em representação do Estado Timorense, são os que devem esclarecer a União Europeia, mas principalmente os timorenses, sobre as razões de terem relações tão próximas com "conceituados" indivíduos que se sabe serem do crime organizado. Se o crime organizado estiver dentro do governo timorense como quer o representante da União Europeia que o governo a ele próprio se auto-controle e destrua?

Quem disparou sobre Ramos Horta em 11 de Fevereiro de 2008? Quem executou Alfredo Reinado e Leopoldino Exposto em casa do presidente Horta, nesse mesmo dia e com uma diferença de minutos? Quem se usou do crime organizado para "embrulhar" Alfredo Reinado na trama que o havia de levar à execução? Porque razão Longuinhos Monteiro, naquela data PGR, "viu" placidamente "desaparecerem" provas, forjarem outras, contaminarem imensas? Porque razão assistimos à enorme farsa do julgamento sobre o 11 de Fevereiro que deu na libertação de todos os envolvidos? Não foi porque os verdadeiros implicados no 11 de Fevereiro de 2008 se usaram de inocentes nos crimes acusados para se encobrirem? O crime organizado também está infiltrado no aparelho de Justiça timorense? Não? Então expliquem a farsa do processo e do julgamento do 11 de Fevereiro de forma plausível.

Sempre a tempo tudo se esclarecerá. Ainda muita água vai correr sobre o "crime organizado" em Timor Leste, fazendo rolar "pedras" que amaciará e a que retirará as arestas, emergindo-as e depositando-as no areal, à vista de todos, expostas ao sol da verdade e da justiça que também falha em Timor Leste.

Por agora a inutilidade da União Europeia ou quem quer que seja pedir ao governo de Gusmão para controlar o crime organizado em Timor Leste é flagrante, como é estulto pedir ao coxo para não coxear.

ALGUMAS REFERÊNCIAS:
http://www.etan.org/et2008/3march/22/16suhart.htm - http://aeiou.expresso.pt/os-indicios-sao-muitos-fortes=f291729 - http://timorleste.livejournal.com/197946.html - http://odanmatan.blogspot.com/2008/09/xananaamp-hakarak-hercules-loke-bisnis.html - http://timor-online.blogspot.com/2008_04_13_archive.html - http://timorhauniandoben.blogspot.com/2010/02/ramos-horta-two-years-without-weight-on.html - http://www.easttimorlegalinformation.org/Legal_News/March_2008_4.html - http://timor-online.blogspot.com/search?q=HERCULES - http://timor-online.blogspot.com/2008/03/unmit-media-monitoring-tuesday-25-march.html
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SEMPRE EM PÉ - GUSMÃO BALANÇA MAS NÃO CAI

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NOVELA GUTERRES-ZACARIAS PODE DAR EM NADA

Na sua política descarada de se fazer de vítima em todos os casos e circunstâncias que de há anos a esta parte produz, Xanana Gusmão abana mas não cai. Uma vez mais assistimos ao verdadeiro “embrulho envenenado” que o primeiro ministro de Timor Leste enviou para gerar confusão no Parlamento Nacional, visivelmente composto de parlamentares que mostraram não saberem das suas competências e perderem-se por dias infindos a discutirem o sexo dos anjos. De tudo isso se aproveita Gusmão.

Tardiamente, o presidente do Parlamento, Fernando Lasama Araújo, foi peremptório ao afirmar que a decisão da suspensão ou demissão dos ministros era com o governo e que nem ia pôr à discussão tal coisa à discussão dos parlamentares. Mesmo assim a “confusão” durou tempo de mais. Acabou por ter alguma utilidade no aspeto de podermos vislumbrar laivos de apoio por parte de alguns parlamentares a suspeitos de corrupção, enriquecimento ilícito e abuso de poder, acusação que foi feita aos ministros e anunciada pela PGR. Quero dizer: percebeu-se alguma resistência e produção de confusão sobre o assunto, o que convinha aos que cometem crimes, de facto, ou que são indiciados por tal. Que terão sempre os seus amigos e admiradores, quer queiramos quer não. É humano mas reprovável segundo a ótica da ética que deve regular os que devem a sua eleição e depósito de confiança ao povo eleitor. Até mesmo no Parlamento Nacional, evidentemente. Talvez ainda mais no Parlamento Nacional.

Acresce que ninguém de boa fé pode crer que o PM Gusmão desconhecia que os seus poderes lhe permitem agir sem solicitar ao Parlamento isenção de imunidade ou o que quer que seja para afastar e agir em conformidade com ministros do seu governo acusados de práticas ilegais. Então, por que tanta confusão e tanto badalejo?

O que aconteceu na acção anunciada pela PGR já devia ter acontecido há muito e a muitos mais. O próprio PM não está isento de dever ser acusado de práticas ilegais, pelo tanto enunciado. Contudo, em nome da “estabilidade” são bastantes os da área do governo e até da presidência da república que se passeiam no adro da impunidade. Também nisto existem elementos da igreja católica que não estão excluídos. Haverá os que acreditam que finalmente vai acontecer justiça em Timor Leste e que estas acusações aos ministros Guterres e Zacarias são o “balão de ensaio” para colocar no devido lugar os poderosos da política e da igreja? Ou será que esta novela Guterres-Zacarias vai dar em nada? Se assim acontecer, adeus estado de direito em Timor Leste.

AGARRADOS AO PODER

Os ministros agora suspensos mostraram nestes dias quanto estão agarrados ao poder. Aquilo que deviam de ter feito era anunciar as suas demissões se na realidade fossem pessoas e políticos de bem, mesmo sabendo-se inocentes. Em país civilizado e democrático seria assim que tudo funcionaria. Sem confusões, sem alardes, sem o apelo à “peixeirada” parlamentar causada por Xanana Gusmão ao dirigir-se ao Parlamento Nacional.

Zacarias da Costa, ministro dos negócios estrangeiros, finalmente suspenso, afirma-se inocente e objeto de processos de intenções políticas. É provável, vamos ver… Ou talvez não, se a justiça continuar a ceder aos poderosos da política. O mesmo não poderá dizer José Luís Guterres, ao que se sabe. O que agora transitou para ser julgado já era sabido por altura do golpe de estado de Gusmão e Horta, entre outros, em 2006. Passados cerca de quatro anos é que a justiça parece ter acordado. Mais vale tarde que nunca.

Falta agora saber se iremos assistir aos anúncios da PGR de mais situações similares que envolvam outras figuras gradas do poder político e económico timorenses. É que não faltam exibições de enriquecimentos ilícitos. Até de familiares e de amigos ou simples conluiados. Nem faltam procedimentos ilegais cometidos por vários agentes e também pelo PM Gusmão e pelo PR Ramos Horta. Além do caso relacionado com o bispo Ximenes Belo, do conhecimento da PGR. Pelo menos esses.

O Caso Bere, se não indiciar por crime Ramos Horta e Xanana Gusmão virá demonstrar às ordens de quem está a justiça timorense. A ilegalidade cometida por Ramos Horta, na qualidade de PR, ao fazer deslocar Gastão Salsinha às suas instalações, contra decisão do juiz, decerto negociar e combinar sobre o processo da trama do 11 de Fevereiro de 2008 não denota abuso de poder? Também neste caso a PGR vai agir em conformidade? E nos outros casos?

Estamos habituados a julgar que Xanana Gusmão está a abanar, prestes a cair do seu pseudo-pedestal de exemplo a seguir e de “pai da nação”, para depois vermos tudo a acabar em nada, na impunidade e no limbo. Até um dia ele é o mais parecido que exsite com um Sempre em Pé. Será que é desta que os timorenses e o mundo vai ver acontecer justiça no país? Quem se reporta ao que tem acontecido no passado considera que não.

Não se ponha a fasquia das perspetivas muito elevada por serem normais num estado de direito. Como tudo está e pelo que acontece quotidianamente ainda não podemos esperar isso de Timor Leste. Aguardemos os desenvolvimentos. Esperemos sentados e esperançados que não ganhemos raízes no local em que decidirmos esperar por justiça.
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A CORRUPÇÃO EM TIMOR E O COMUNICADO AGIOTA

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“As carências continuadas de mais de 80 por cento dos timorenses têm demonstrado que a aplicação dos milhões de dólares orçamentais não os têm beneficiado, como é falsamente alegado pelo governo.”

Ágio Pereira, o servo da propaganda do governo de Xanana Gusmão, há dois dias, emitiu um comunicado do governo AMP para o título da Agência Lusa “Governo de Xanana foi o que tomou mais medidas anti-corrupção - porta voz”. O comunicado surge na sequência da carta de demissão do vice primeiro Mário Carrascalão, que aponta a ineficiência do governo em inúmeros aspetos assim como a autêntica rede mafiosa envolta em KKN (corrupção, conluio e nepotismo) existente no governo presidido por Gusmão.

O comunicado da da central de propaganda procura induzir em erro os que o lerem quando afirma que o governo de Gusmão foi o executivo que “mais iniciativas anti-corrupção e mecanismos de controlo que qualquer outro Governo em Timor-Leste, incluindo o período de transição da UNTAET (Nações Unidas)”.

Na verdade este governo de Gusmão-Horta foi o primeiro que teve oportunidade de governar sem as imensas restrições impostas pela ONU, acrescendo que com o governo de Alkatiri - derrubado por Xanana-Horta-Igreja - o primeiro com alguma autonomia, não existiam indícios de tanto KKN como surgiu de modo evidente e preocupante meses depois de Gusmão ser primeiro ministro.

Também nunca no governo de Mari Alkatiri foi visível a ostentação de bens e modos de vida milionários que ministros e outros membros do governo Gusmão-Horta-AMP exibem sem pudor, assim como seus familiares e amigos. Pese embora os parcos rendimentos conhecidos de ministros e restantes elementos governamentais, num país em que desaparecem milhões de dólares e vêm ao conhecimento da opinião público imensos casos de irregularidades praticadas, inclusive pelo PM, os sinais exteriores de riqueza que exibem seriam impossíveis de conseguir somente com os rendimentos produzidos em emolumentos correspondentes aos seus vencimentos mensais pelos desempenhos no governo.

Também aqui existem responsabilidades do sector da justiça timorense pelos atrasos que impõe a processos que estagnam em sua posse sempre que existem envolvidos suspeitos governamentais ou da igreja católica apostólica romana, entre outros que tenham peso político e ou económico. Uma demonstração de uma agencia de comissariado político em vez de uma Procuradoria Geral da República e um Ministério Público que faça valer a justiça só constitucionalmente garantida.

Por isso, com grande à vontade propagandístico é constante no comunicado emitido pelo veículo governamental, Ágio Pereira, porta voz, que o "primeiro ministro solicitou à Procuradora Geral da República, Ana Pessoa, que durante esta semana fizesse chegar rapidamente a tribunal quaisquer acusações pendentes". Sintomático de que a aparente urgência agora produzida serve as costumeiras teatralizações de Gusmão sempre que procura mostrar-se vitima e assim continuar a ludibriar os que devia governar com transparência e em prol do seu bem estar e das conveniências do país. Considerando que Gusmão e Horta, assim como a igreja, trazem a justiça timorense “metida no bolso”, fazendo o que querem e ficando impunes até agora, aquele parágrafo do comunicado mostra de forma clara os perniciosos caminhos por onde enveredaram os que são apontados por imensos agentes da oposição partidária, organizações da sociedade civil, ONGs, e a população em geral.

Corresponde à verdade a afirmação no comunicado de que este governo foi o que implantou mais mecanismos de combate à corrupção, a afirmação é verdadeira mas o conteúdo está inquinado - o que é comum detetarmos na propaganda elaborada por Ágio Pereira, porta voz e secretário de estado do conselho de ministros, fiel servidor de Gusmão e do status putrefato desencadeado e imposto por este governo.

A corrupção, as malfeitorias, a máfia, vem ligeiramente descrita e é aquilo que se compreende na carta de demissão de Mário Carrascalão. O governo corrupto de Gusmão até pode criar mil comissões e outras invenções de controlo e combate à corrupção que o resultado será sempre o mesmo: a impunidade e o prejuízo dos timorenses. Pelos vistos, uma máfia bem organizada está de posse do aparelho de estado e de setores de importância vital das estruturas timorenses. É sabido que quem permitiu que fosse criado este polvo imenso e agora dificílimo de desmantelar foi Xanana Gusmão. Não tem sido por falta de denúncias dos mais variados setores timorenses que o polvo tem crescido mas sim pela negação constante do atual primeiro ministro e também a escandalosa indiferença do atual presidente da república, Ramos Horta. Entidade que ainda agora continua a declarar publicamente todo o seu apoio ao governo Gusmão, o que decerto não acontece por acaso.

Alegará Horta que o faz em nome da estabilidade. Palavra bastante usada pelos mais variados representantes da elite timorense. Mas que estabilidade? Estabilidade dos que usurpam bens pertencentes ao país e ao seu povo? Classificam estabilidade a atual e visível paz podre existente em Timor Leste? Estabilidade porque não existem grupos a assassinar, a destruir e a queimar o que pertence ao povo mais carenciado? Basta saber quem controla esses grupos e o que têm beneficiado com as atividades subterrâneas do governo Gusmão-Horta-AMP para sabermos que a estabilidade vai acontecer até ao dia em que lhes ordenarem para desestabilizarem se convier à máfia que se apossou de Timor Leste após o golpe de estado em 2006.

As carências continuadas de mais de 80 por cento dos timorenses têm demonstrado que a aplicação dos milhões de dólares orçamentais não os têm beneficiado, como é falsamente alegado pelo governo. Mas as exibições de enriquecimento precoce, surpreendente e escandaloso são espectáculo que quotidianamente pode ser observado nas ruas e infraestruturas reservadas a relacionados com o governo, direta ou indiretamente, o que esvazia completamente todos os comunicados dignos de agiotas ou declarações que pretendam negar a malfadada e preocupante realidade timorense.
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

CAMPO DE REFUGIADOS, MAIS UMA CHANTAGEM AUSTRALIANA

Gillard, chantagista de serviço

Sem compreender convenientemente o que se está a passar em Timor sobre a sugestão da primeira ministra australiana Júlia Gillard para instalar um campo de refugiados que se dirigem para a Austrália no país vizinho parece ser de todo o interesse abordar a questão e, antes de mais, responsabilizar os trabalhadores da Lusa e da RTP que se encontram em Timor Leste permanentemente pelo desconhecimento que em Portugal grassa sobre este assunto a par de outros. Caso a carapuça não caiba aos profissionais ali depositados em permanência decerto que caberá às chefias que em Portugal provavelmente os condicionam. É notório que RTP e Lusa são a voz do sistema imposto por Xanana Gusmão, como em Angola e noutros países lusófonos. Comodismos da media portuguesa alapada a interesses de regimes que de democráticos pouco têm.

Dispensada a estocada que deve ser justa aos profissionais de informação de Portugal, principalmente às direções dos órgãos de comunicação citados e por citar, nada se perde por ensaiar considerações sobre um campo de refugiados australiano instalado em Timor Leste em vez de ficar instalado no país que é mira dos que em pequenas e improvisadas embarcações arriscam a vida para chegarem à Austrália. No mínimo é caricata a solicitação-imposição do governo australiano que visa enxotar povos em fuga para um campo num pequeno país vizinho em vez de se assumir como deve e ser ele próprio a tratar de dispensar os tratos humanitários devidos em seu território, mais caricato será se Timor Leste aceitar. O que provavelmente deve acontecer por razões de comprometimentos de Ramos Horta e de Xanana Gusmão com a Austrália de Howard na divida das suas chegadas ao controle absoluto do país, diga-se dos milhões que pertencem aos timorenses mas de que aqueles pouco vêm traduzirem-se nos devidos benefícios coletivos.

Sob o ponto de vista de países vizinhos e das suas boas relações imaginemos que Espanha pressionava Portugal para autorizar que instalasse um campo de refugiados vindos do norte de África em território português. Imaginemos que Portugal acedia a tal proposta. Evidentemente que o raciocínio lógico seria de que Espanha nos via como um tapete para onde varria o lixo que se acumulava à sua porta. Acresce que nem Portugal é um tapete de Espanha nem os refugiados que vêm do norte de África são lixo – mas sim pessoas desesperadas que arriscam as suas vidas na esperança de se refugiarem onde lhes possibilitem viverem em paz. Evidentemente que os portugueses não aceitariam tal desiderato, um campo de refugiados dos vizinhos em território português, por não se justificar e por bulir com intenções xenófobas e racistas de um conservadorismo Chico Esperto que bem e tristemente conhecemos nos anglófonos.

Então e agora Timor Leste vai aceitar as imposições de Gillard, da Austrália? Vai aceitar porque será a moeda de troca para que o gasoduto se encaminha do Mar de Timor para Timor Leste em vez de tomar o caminho do norte da Austrália? Mas que sentido faz esta proposta-imposição de Gillard? O que tem a evidência de Timor ter todo o direito a receber o terminal do gasoduto com todo o dever de a Austrália aceitar os que dão à sua costa em busca de proteção e humanismo? Timor Leste não pode nem deve aceder a este tipo de chantagens. Deva-lhes Xanana, Horta e companhia, o facto de estarem agora nas cadeiras do poder ou não. Timor Leste é uma nação que deve ser respeitada e não o quintal ou o capacho da Austrália. A senhora Gillard, qual Tatcher dama de ferro, não tem o direito de chantagear o pequeno país seu vizinho a que já tanto roubou em hidrocarbonetos, antes, de braço dado com os assassinos generais indonésios, e ainda no presente. Chega.

Esperemos que Timor Leste não ceda a mais esta pouca vergonha australiana e que a sua recusa sobre o assunto seja inequívoca. Oleoduto para Timor Leste e campo de refugiados na Austrália, destino a que se propõem os que se põem em fuga enfrentando oceanos muitas vezes impiedosos, como a Austrália com os seus vizinhos e refugiados, claro.