segunda-feira, 29 de junho de 2015

Soldado timorense ferido em tiroteio com elementos de grupo ilegal


Díli, 29 jun (Lusa) - Um soldado timorense foi ferido a tiro, no domingo, quando a patrulha que integrava foi alvejada por elementos de um grupo ilegal que está a ser perseguido pela polícia e forças armadas de Timor-Leste desde março.

O brigadeiro-general Filomeno Paixão, vice chefe de Estado maior general das Forças Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), disse que o incidente ocorreu na manhã de domingo "entre as regiões de Atalari e Sagrada", no município de Baucau.

Este é o quinto elemento das forças de segurança (depois de quatro agentes da polícia) feridos durante a operação de nome código Hanita que envolve efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e as Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL) decorre desde março na ponta leste de Timor-Leste.

Segundo explicou Filomeno Paixão, os suspeitos do ataque são elementos do grupo CRM (Conselho da Revolução Maubere), organização considerada ilegal pelo Estado timorense e que é liderada por Mauk Moruk, considerado traidor da resistência timorense e que está sob mandado de captura.

"Entre as 10 e 11 horas, uma patrulha nossa que estava em perseguição ao grupo foi baleada por elementos da organização de Mauk Moruk. Um soldado foi baleado e a bala atravessou-lhe uma perna e alojou-se na outra", disse.

"As análises preliminares no hospital indicam que foi atingido por uma bala de uma pistola glock. Estamos à espera da análise final dos especialistas", disse, explicando que as forças de defesa responderam "segundo as regras de empenhamento".

Continua a decorrer a operação para tentar encontrar os responsáveis pelos disparos.

Recorde-se que no decurso da operação já se renderam ou foram capturados 468 elementos do grupo de Mauk Moruk.

Questionado sobre o papel de Mauk Moruk, que se diz ex-líder da resistência, Filomeno Paixão disse à Lusa que o homem, que esteve preso preventivamente no ano passado, abandonou a resistência armada contra a ocupação indonésia "em 1985 ou 1986".

"Depois disso participou com militares indonésios na luta contra a guerrilha. Esteve ausente no exterior durante cerca de 30 anos e nas conversações tidas no exterior nunca esteve do nosso lado. Não só não esteve do nosso lado mas esteve contra a resistência", afirmou.

Acusando Mauk Moruk de querer causar destabilização em Timor-Leste, referiu que as suas exigências ignoram a lei, a ordem e as instituições do país.

"Quer abolir a Constituição, acabar com o parlamento e o Governo. Isto é demais", disse.

"Não dialogamos com criminosos. O diálogo dele tem que ser com o tribunal e com o Procurador da República", explicou.

Questionado sobre a demora em apanhar Mauk Moruk, o responsável das FFDTL referiu-se à "falta de tecnologia" e à "falta de cooperação da população", sem adiantar mais pormenores.

Recorde-se que a operação foi desencadeada pelo Governo para "prevenir e reprimir ações criminosas de grupos ilegais" depois de ataques aos elementos da polícia em fevereiro e março, especialmente o de 08 de março em Baguia, a sul de Baucau, em que ficaram feridos quatro agentes durante um ataque ao posto policial da localidade.

ASP // JCS