quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Oposição timorense contesta decisão do Governo de preparar orçamento retificativo


Díli, 01 nov (Lusa) - A oposição maioritária no parlamento timorense contestou hoje as justificações dadas pelo Governo para a preparação de um orçamento retificativo para 2017, considerando que ainda há suficientes fundos nos cofres públicos até ao fim do ano.

Numa mensagem publicada na recém-criada página da Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) no Facebook, o bloco da oposição recorda que, no final de outubro, o Portal da Transparência do Ministério das Finanças mostrava que a execução orçamental era de apenas 74% do total previsto para 2017.

A AMP diz que o Governo ainda tem disponível para gastar "mais de 300 milhões de dólares" e pergunta se "esse grande orçamento não é suficiente para financiar o Governo durante dois meses".

Para a oposição, a justificação dada pelo Governo para apresentar o orçamento retificativo - que inclui a necessidade de financiar a retirada de 20 doentes para tratamento em hospitais no estrangeiro - não passa de "uma tentativa de atirar areia nos olhos" da população.

Considerando que "já não há cabimento", nesta altura do ano, para avançar com um orçamento retificativo -, já que o que deveria estar em causa era já o Orçamento de 2018 -, a AMP refere que a ação do Governo "mostra a incompetência do primeiro-ministro".


Afirmando que os argumentos do executivo são "propaganda falsa", a mensagem diz que a postura do Governo está desenhada "apenas para prejudicar a imagem dos deputados da AMP (formada pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO)).

A contestação da oposição surge numa altura em que o Parlamento Nacional espera que o Governo apresente, pela segunda vez, o seu Programa, depois de no mês passado o primeiro ter sido chumbado numa moção de rejeição.

Uma segunda moção de rejeição implicaria a queda do Governo, cabendo depois ao Presidente da República decidir entre formar um novo executivo com base no atual cenário parlamentar ou convocar eleições antecipadas.

A AMP relembra que não faz sentido apresentar o Orçamento antes do programa ser debatido e insiste que há dinheiro suficiente nas contas públicas para os próximos dois meses, podendo até o primeiro-ministro recorrer ao fundo discricionário para financiar despesas de emergência.

O ministro das Finanças timorense, Rui Gomes, disse hoje à Lusa que o orçamento retificativo que o Governo timorense vai apresentar ao Parlamento Nacional corrigirá em alta o valor orçamentado este ano, para responder a compromissos assumidos e a "situações sociais" que surgiram.

Rui Gomes, que se escusou a precisar, para já, o valor do aumento orçamental proposto face ao inicialmente orçamentado para este ano - cerca de 1,39 mil milhões dólares - referiu que se trata de responder ao objetivo de contenção do executivo mas também responder à situação atual.

"Há contratos assinados e que temos que garantir que são pagos, situações sociais a que temos que responder e questões do fim do orçamento em bens e serviços em alguns ministérios", referiu.

"O ajustamento orgânico que representa o novo Governo permite poupanças de cerca de 40 milhões de dólares mas esse valor não é suficiente e teremos que solicitar mais dinheiro, esperando que o Parlamento Nacional aprove", disse Rui Gomes, escusando-se a revelar o valor do pedido adicional de fundos.

Detalhes preliminares do Orçamento Retificativo foram apresentados na segunda-feira pelo primeiro-ministro Mari Alkatiri ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo.

O chefe do Governo adiantou na altura que o orçamento retificativo será o primeiro documento a enviar ao Parlamento Nacional de modo a que se possa proceder ao pagamento de dívidas a empresas que iniciaram projetos no mês de junho e financiar a retirada de doentes para o estrangeiro.

Rui Gomes recorda que apesar de, globalmente, o Orçamento mostrar ainda uma disponibilidade nas contas para este ano de cerca de 300 milhões de dólares, "há vários Ministérios e Departamentos onde já se chegou aos 90% de execução".

"Isso coloca pressões adicionais em áreas como bens e serviços e até em questões salariais, já que este mês terá que ser pago o 13º mês aos funcionários", recordou.

ASP // PMC

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