quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Estudo recomenda melhorar condições para vendedores ambulantes em Timor-Leste


Díli, 13 dez (Lusa) - O Governo timorense deveria regulamentar e criar melhores condições para que os vendedores ambulantes do país, especialmente na capital, Díli, possam trabalhar de forma mais segura, segundo um estudo sobre este setor informal.

O estudo, divulgado pela organização timorense La'o Hamutuk, recomenda que sejam os vendedores e consumidores a contribuir para a determinação de futuros locais de mercados e que o Governo apoie a melhorar as condições para os vendedores de rua.

Ajudas com a reparação dos rudimentares carros de madeira que muitos usam, acesso a água e eletricidade e até formação para os vendedores - muitos dos quais nunca tiveram acesso à escolaridade - são outras das recomendações.

"Vendedores Ambulantes - Ameaça à ordem social ou oportunidade de emprego?", é o título do estudo que recolheu 203 sondagens de estrangeiros que vivem em Díli e ouviu 85 vendedores ambulantes a em Díli sobre questões relacionadas com o seu trabalho.

O estudo recomenda ao Governo que considere legalizar os vendedores ambulantes, estabelecendo alguma regulamentação sobre aspetos como localização, horários e protocolos de higiene que "beneficiem vendedores e consumidores".
"Com um maior reconhecimento da importância e validade da venda ambulante como uma atividade socialmente benéfica, trabalhadores, consumidores e órgãos governamentais podem trabalhar juntos para implementar uma política de venda de rua documentada e eficaz", refere o estudo.

"Essa política deve dar prioridade à proteção dos direitos legais, aumentar as oportunidades dos trabalhadores e permitir que os consumidores comprem mercadorias convenientemente e com segurança de vendedores ambulantes em espaços públicos", sublinha.

O estudo considera haver muitos casos de apreensões ilegais de bens dos vendedores e a prática de subornos que são por vezes exigidos por alguns funcionários.

"A venda ambulante é uma prática de negócios viável que não só garante a sobrevivência dos vendedores, mas também atende às necessidades do consumidor além dos dois mercados formais", considera o estudo.

"Antes de desenvolver futuros mercados, o governo deve realizar uma análise aprofundada para determinar se as localizações de mercado propostas têm potencial para atender às necessidades dos consumidores em Dili. A consulta com vendedores e os seus clientes pode levar à criação de novos mercados em locais mais estratégicos com instalações adequadas para aumentar a higiene, capacidade de armazenamento e segurança", insiste.

Em Díli a venda nas ruas suscita tensão entre o Governo e os vendedores, com operações regulares para expulsar vendedores que montam postos improvisados de venda de peixe, por exemplo.

O Governo tem nos últimos anos criado vários mercados em vários pontos da capital, no intuito de garantir alguma salubridade e melhor organização da cidade mas regularmente surgem novos pontos de venda, que rapidamente se expandem.

Fora dos mercados e em vários pontos da cidade há atualmente pequenos mercados, não autorizados, de venda de peixe, fruta e legumes e animais com uma verdadeira 'explosão' de 'boutiques de arame', onde se vende roupa em segunda mão comprada ao fardo e importada para Timor-Leste.

Soma-se a este mercado informal um número significativo de vendedores ambulantes de fruta, que transportam em paus de bambu, vendedores de cocos, que transportam em carros de madeira e pequenos restaurantes ambulantes, comuns em todo o sudeste asiático.

ASP // JPS

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