terça-feira, 22 de novembro de 2016

Deputados de Macau alertam para perigo de "bolha de investimento" no imobiliário


Macau, China, 21 nov (Lusa) - Deputados de Macau alertaram hoje para o perigo de uma "bolha de investimento" no imobiliário que faça disparar os preços, pedindo medidas ao Governo que permitam o acesso à habitação por parte da classe média.

Em intervenções no plenário, vários deputados, todos eleitos por voto direto, alertaram para a escassez de oferta de casas em Macau, para os preços altos e para o efeito que pode ter o aumento de impostos em Hong Kong sobre a compra de imóveis por estrangeiros e o controlo no acesso a crédito e compra de habitação que está a ser adotado em províncias da China continental.

Estas políticas de regiões vizinhas podem canalizar para Macau investimento externo que disparará os preços do imobiliário, já considerado alto e um dos maiores problemas para os locais. A isto se junta a escassez de oferta, numa região de cerca de 30 quilómetros quadrados com poucos terrenos disponíveis para construção, alertaram os deputados.

Atendendo à "circulação livre de capitais" e aos preços dos imóveis "incomportáveis para os bolsos dos residentes", Ho Ion Sang pediu "medidas preventivas" imediatas, assim como que seja acelerada a aprovação de projetos privados de construção, para aumentar a oferta.

Song Pek kei afirmou que "há uma certa quantidade de casas públicas" em Macau, mas além de não haver uma calendarização para a conclusão daquelas que estão apenas em projeto, poucos têm acesso a estas habitações, por causa do nível de rendimentos ou por haver pouca oferta para a procura, pelo que "o rumo a seguir é o controlo do mercado de imóveis".

"O Governo deve estabelecer medidas atempadas e eficazes para promover um desenvolvimento paralelo entre o mercado privado e a oferta de casas públicas", afirmou.

Também Zheng Anting realçou que as promessas de mais habitação pública não têm calendário e a sua construção "vai demorar para sempre", pedindo ao Governo para "elaborar uma política habitacional abrangente" de curo, médio e longo prazo. Considerou que "o mais importante é acelerar o aproveitamento" de terrenos disponíveis para construção e que haja um aumento da oferta do setor privado.

Também José Pereira Coutinho referiu hoje por duas vezes no plenário o problema do acesso á habitação em Macau, considerando que o Governo não se tem empenhado numa solução " e aumenta o número de jovens que são obrigados a viver com os pais e avós numa só casa".

Estas foram intervenções feitas durante a ordem do dia no plenário, mas os deputados voltaram à questão no debate do orçamento da região para 2017 que se seguiu.

Nesse debate, o secretário da Economia, Lionel Leong, garantiu que o Governo está atento à questão, que "vai continuar a observar as mudanças" e ver a entrada de capital estrangeiro no mercado imobiliário, e que tomará medidas se considerar necessário.

Dados oficiais da semana passada mostram que o preço médio do metro quadrado das casas em Macau aumentou mais de 1.100 euros num ano, atingindo 89.430 patacas (9.288 euros) em outubro.

MP (DM) // APN

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