terça-feira, 9 de junho de 2015

EX-ADMINISTRADOR DO HOSPITAL PÚBLICO DE MACAU CONDENADO POR BURLA


Macau, China, 08 jun (Lusa) - O ex-administrador do hospital público de Macau Rui Sá foi condenado a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, por burla através de receitas falsas, no valor equivalente a 16 mil euros, noticia hoje a imprensa local.

Rui Sá, que à data dos acontecimentos - entre maio de 2011 e abril de 2012 - era administrador-geral no Centro Hospitalar Conde de São Januário, obteve, segundo a sentença do Tribunal Judicial de Base, citada pelo jornal Ponto Final, "fármacos avaliados em quase 139 mil patacas [15.686 euros], conseguidos através de 70 consultas, divididas entre dois pacientes e distribuídas por dois médicos em menos de um ano".

O tribunal entendeu, no entanto, que os médicos, Rui Furtado, presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa, e António Martins, "foram enganados" por Rui Sá.

O levantamento dos medicamentos - a maioria para o tratamento de insónias, Alzheimer e doenças do foro mental - foi feito em nome de duas pessoas: Eduardo Graça Ribeiro, ex-diretor dos Serviços de Finanças, e Pinto Cassiano. Ambos garantiram em tribunal que "nunca foram a estes médicos nem pediram ao arguido ou a alguém para lhes arranjar medicamentos, nem nunca os tomaram".

Foram também ouvidas testemunhas que apontaram para um "exagero das doses prescritas" em algumas destas receitas, que chegaram a atingir 7.468 patacas (838 euros) numa das ocasiões, diz o Ponto Final.

O tribunal considerou que Rui Sá "levou o hospital a acreditar" que Eduardo Graça Ribeiro e Pinto Cassiano "eram pacientes com doenças crónicas" e "pedia aos dois médicos para prescreverem medicamentos como se fossem para estes".

Em causa neste processo estavam também as saídas de Rui Sá durante o horário de trabalho para deslocações fora de Macau, a maioria das vezes a Zhuhai, cidade vizinha de Macau.

Entre janeiro de 2006 e 30 de abril de 2011, o ex-administrador saiu 68 vezes do hospital durante o horário de serviço, quando estava indicado na folha de ponto que estava a trabalhar. No entanto, os registos fronteiriços citados no processo terminam a 26 de abril de 2011, duas semanas antes terem iniciado os atos de burla.

O caso foi denunciado pela Divisão de Farmácia Hospitalar, desencadeando um processo interno em maio de 2012 que levou ao despedimento de Rui Sá por justa causa.

A pena, aplicada pelo tribunal na semana passada, está suspensa por dois anos, mediante pagamento de 232 mil patacas (26 mil euros) aos Serviços de Saúde.

De acordo com o jornal Hoje Macau, Rui Sá encontra-se atualmente a trabalhar em Portugal na mesma área.

Contactado pela agência Lusa, Rui Furtado, que foi ouvido em tribunal apenas como testemunha, rejeitou comentar o caso. A Lusa também tentou contactar António Martins, mas sem sucesso.

ISG // VM

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