sexta-feira, 22 de abril de 2016

Governo timorense deve garantir impacto positivo do investimento - ONG


Díli, 21 abr (Lusa) - A organização não-governamental timorense La'o Hamutuk considera que o Governo deve trabalhar com "planeamento cuidado, liderança e regulação" para garantir os efeitos positivos de qualquer investimento estrangeiro no país e minimizar potenciais impactos negativos.

"Investimento privado é um caminho, não um destino", sublinha a ONG, num documento de análise das atuais políticas de estímulo ao investimento privado em Timor-Leste.

Em causa estão as reformas que o Governo está a conduzir no quadro legislativo que regula o investimento em Timor-Leste onde procura, além de outros aspetos, cumprir critérios da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e da Convenção de Comércio e Desenvolvimento da ONU (UNCTAD).

A La'o Hamutuk, que apresentou sugestões sobre estas reformas ao Governo, sublinha que qualquer política nesta área deve descrever como é que "o investimento privado pode promover o desenvolvimento humano em Timor-Leste em vez de assumir, simplesmente, que isso ocorrerá automaticamente".

"A política deve analisar potenciais impactos negativos que podem ser evitados", refere ainda, notando que em muitos países em desenvolvimento projetos de investimento, especialmente nas indústrias extrativas ou que usam recursos naturais, "causam danos às populações, destroem o ambiente, aumentam a corrupção e retiram terra aos cidadãos".

A organização lamenta que as propostas de lei se referiram apenas aos potenciais da agricultura orientada para a exportação, considerando que deveria promover agricultura biológica e a produção para consumo doméstico.

Manufatura e turismo, nota, são outros setores que deveriam ser contemplados para reduzir a dependência externa do país.

Timor-Leste, considera ainda a análise da La'o Hamutuk, não precisa também de adotar os critérios de investimento da ASEAN antes de ser membro da organização, devendo deixar espaço a negociações mais específicas para o país.

A ONG considera "apressado" o objetivo do Governo ter as novas leis em vigor antes de setembro, considerando que há outras leis mais importantes, nomeadamente a reforma tributária e a lei de terras e propriedades.

"Timor-Leste precisa de lidar com os seus maiores obstáculos - recursos humanos, terras, garantias de contratos e infraestruturas sustentáveis e adequadas. Tentativas no passado mostram que cortar impostos ou simplificar o registo de empresas não foram suficientes para atrair investidores", refere o estudo.

Há ainda que ter em conta outras preocupações, nomeadamente, o impacto na corrupção do país.

ASP // MP

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