quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Economia timorense com ritmo satisfatório, futuro depende da diversificação - FMI


Díli, 08 nov (Lusa) - A atividade económica em Timor-Leste está a expandir-se a um ritmo "satisfatório", que se deverá manter em 2017, mas as perspetivas a médio prazo dependem da capacidade de diversificação além do setor petrolífero, segundo o FMI.

"Os riscos a médio prazo também residem em saber se a antecipação do investimento público gerará retornos sociais e económicos suficientes, o que ajudaria a alcançar um crescimento inclusivo", sublinha o Fundo Monetário Internacional (FMI), num comunicado divulgado hoje.

Uma equipa do FMI, liderada por Yu Ching Wong, esteve em Timor-Leste entre 24 e 28 de outubro para "avaliar os recentes desenvolvimentos" e analisar as políticas governamentais, explica a instituição.

Os elementos do FMI reuniram-se, entre outros, com a ministra das Finanças, Santina Cardoso, e com as vice-governadoras do Banco Central de Timor-Leste, Nur-Aini Djafar Alkatiri e Sara Lobo Brites, além de com outros altos funcionários, mantendo ainda encontros com representantes do setor privado e da sociedade civil e com os parceiros de desenvolvimento.

Segundo Wong, "o investimento público deve ser melhor priorizado, concentrando-se em projetos com retornos mais elevados, determinados pela avaliação rigorosa do investimento", uma estratégia que "permitiria garantir mais eficácia aos gastos do Fundo Petrolífero".

O FMI diz que o Produto Interno Bruto (PIB) real não-petrolífero deverá crescer 5% este ano, suportado pelos gastos do Governo, e os preços devem descer 0,6%, com o saldo exterior a passar de excedente a um défice de 9,9% do PIB, "devido em grande parte ao forte aumento das importações relacionadas com o aumento dos investimentos públicos".

O défice orçamental este ano será de 13,9% do PIB, com o aumento das despesas a ser financiado por levantamentos adicionais do Fundo Petrolífero (FP).

"A perspetiva de curto prazo permanece geralmente favorável com uma recuperação contínua do crescimento não-petrolífero acompanhada de baixa inflação. As perspetivas a médio prazo dependem da diversificação económica, já que os campos petrolíferos em operação deverão estar esgotados em torno a 2020", sublinha o comunicado.

O saldo do FP deverá continuar a baixar, pressionado pela baixa produção petrolífera e pelos levantamentos acima do rendimento sustentado estimado, bem como pela exposição dos retornos de investimento "à volatilidade dos mercados financeiros globais".
Wong reitera no comunicado o conselho de "medidas audaciosas de consolidação orçamental para garantir a sustentabilidade orçamental e da dívida a longo prazo".

A responsável da equipa do FMI defende consultas mais estreitas com os parceiros de desenvolvimento e a adoção de "critérios claros" para "ajudar a identificar projetos de benefício adicional da transferência de conhecimento da parceria com credores multilaterais e bilaterais". Saúda ainda o progresso nas reformas aduaneiras e fiscais "para mobilizar as receitas internas" e mostra-se disponível para apoiar os esforços do Governo para introdução do IVA.

O sistema bancário, diz a equipa técnica, "permanece sólido", com o crédito do setor privado "a continuar a ficar atrás do rápido crescimento dos depósitos", pelo que "aumentaram os depósitos em excesso colocados no exterior pelos bancos".

O crédito malparado caiu para 15% em setembro de 2016 (era de 23% um ano antes), em grande parte devido "à resolução de legado mau empréstimos".

ASP // MP

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