quinta-feira, 4 de junho de 2015

Birmânia pede à ONU tratamento "justo" relativamente à sua ação na crise de refugiados


Banguecoque, 04 jun (Lusa) -- A Birmânia pediu à ONU um tratamento "justo e imparcial" relativamente às suas ações na crise migratória no sudeste da Ásia, numa altura em que se prepara para deportar centenas de imigrantes do Bangladesh.

Numa carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, publicada hoje no diário estatal Global New Light of Myanmar, o presidente do parlamento, Shwe Mann, insta o Conselho de Segurança das Nações Unidas a ser "justo e imparcial" nas suas declarações sobre a Birmânia, que "se encontra num processo de implementação de reformas democráticas".

Diversos países da região e organizações internacionais têm assinalado a Birmânia como responsável pelo êxodo de imigrantes, muitos dos quais rohingya, uma minoria muçulmana perseguida no país.

Shwe Mann pediu contenção nas palavras às organizações nacionais e internacionais relativamente à crise migratória sob pena de se criarem mal-entendidos sobre o país de se "agravar as tensões sectárias e o conflito".

"A comunidade internacional deve adotar um enfoque objetivo e imparcial", frisou o mesmo responsável na referida missiva.

A edição de hoje do mesmo jornal publica ainda um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros que assegura que o Governo birmanês trabalha para repatriar os refugiados que chegaram ao país nos últimos dias depois de terem passado semanas presos em barcos à deriva em alto mar.

O último desembarque envolveu 734 pessoas, incluindo mulheres e crianças, as quais foram intercetadas pela marinha há seis dias e que, esta quarta-feira, foram alojadas em acampamentos temporários perto da fronteira com o Bangladesh.

A estes somam-se outros 208 que chegaram em 21 de maio e que continuam retidos na mesma zona à espera de serem deportados para o Bangladesh, assunto que as autoridades birmanesas discutiram, esta quarta-feira, com o embaixador do Bangladesh.

"A Birmânia oferece alojamento temporário às pessoas que chegam de barco por razões humanitárias", pelo que insta a outra parte a receber, prontamente, estas pessoas, uma vez findo o processo de verificação, indica a nota oficial.

Duas dezenas de países reuniram-se na sexta-feira em Banguecoque para abordar a crise de refugiados sem poder acordar nenhuma medida para pôr fim à perseguição de que são alvo os rohingya, considerados imigrantes ilegais pela Birmânia.

Desde 2012, 153.300 rohingya ou cerca de 10% dos que vivem na Birmânia, subiram a bordo de barcos, operados muitas vezes por redes de tráfico de seres humanos, para tentar alcançar a Malásia, segundo uma estimativa da organização Arakan Project.

DM // JCS.

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